terça-feira, 26 de agosto de 2008

LIPO - ASPIRAÇÃO .????


Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada , nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pelo estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?

Uma coisa é saúde, outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião é dieta. Fé só na estética. Ritual é malhação.

Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.

Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode. Envelhecer, não!

Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.

A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada que não seja a imagem, imagem, imagem, imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.

Não importa o outro, o coletivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal. Caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas...

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas, bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser.

Que as pessoas discutam o assunto, que alguém acorde, que o mundo mude.

Que eu me acalme, que o amor sobreviva.

Cuide bem do seu amor, seja quem for...

Herbert Vianna

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MELHOR ASSIM

Por Ronaldo Monte
Poeta e escritor
Talvez eu não fosse este homem
se ao chegar numa esquina da vida
tivesse dobrado para o outro lado.
Não sei se o caminho que fiz
foi o melhor, o menos árduo.
Não sei que outro homem seria
se fossem outras as ruas,
outras as pessoas,
fossem outros os bares e igrejas
em que rocei meu corpo e minha alma.
Mas eu prefiro assim,
esse um e não outro.
Prefiro assim,
essas marcas
e esse andar um pouco penso.
Prefiro estas mãos ansiosas
que estalam por si mesmas,
essa miopia de infância,
esse joelho inseguro.
Eu prefiro essa história
feita de encruzilhadas
em que me encontro
a cada vez
atônito
e só.


Foto: Ana Patrícia

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A ARTE DE SER FELIZ





Cecília Meireles





Houve um tempo em que minha janela


se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.


Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.


Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.


E eu olhava para as plantas, para o homem,


para as gotas de água que caíam de seus dedos magros


e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.


Outras vezes encontro nuvens espessas.


Avisto crianças que vão para a escola.


Pardais que pulam pelo muro.


Gatos que abrem e fecham os olhos,


sonhando com pardais.


Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem


personagens de Lope de Vega.


Ás vezes, um galo canta.


Às vezes, um avião passa.


Tudo está certo, no seu lugar,


cumprindo o seu destino.


E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,


que estão diante de cada janela,


uns dizem que essas coisas não existem,


outros que só existem diante das minhas janelas,


e outros, finalmente,


que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

PARA VOCÊ O ÍDOLOS É SÉRIO, PARA O POLÍGRAFO MENTE






Por Nilson Sótero


Respeitável público! Vai começar ou melhor, recomeçar o melhor programa de humor na televisão brasileira, agora na Rede Record. ÍDOLOS, o programa mais engraçado que Zorra Total, também qualquer programinha é melhor que o Zorra Total, ou não? ÍDOLOS, vem travestido de programa sério cujo objetivo é revelar um novo ídolo da música brasileira. Já passou pelo SBT, onde não revelou ninguém e agora estréia na TV do bispo. Mas nem tudo dá errado em ÍDOLOS, os jurados até que se dão bem na parada ganhando projeção nacional, como será o caso de Paula Lima, cantora desconhecida e fracassada que ninguém sabe se tem cacife para julgar alguém. Sei que com ela o Brasil não quis conversa até agora. Mas a decadência da TV aberta é mesmo uma realidade, na Record, então, minha nossa! O Programa da Tarde é outro humorístico onde a apresentadora vai exibindo e contando as pegadinhas e gargalhando uma gargalhada insuportável, na BAND, outra apresentadora diz na maior cara-de-pau que você é mentiroso e só quem fala a verdade é o tal do POLÍGRAFO, não sei porque as polícias não compram um POLÍGRAFO! Ali ninguém mente, não tem boquinha não! Mas, voltemos ao ÍDOLOS: Programa que procura um novo astro ou estrela da música brasileira, pelo menos é melhor que o Forrofest, festival de forró da Paraíba, e as dezenas de festivais promovidos pelo SESC em todo o Brasil, que também não revelam e nem projetam coisa alguma, ora, se querem um novo ídolo ele está aí, tem ídolos por toda parte é só querer! Não estamos vivendo uma crise de ídolos mas de bons produtores, de falta de investimentos no novo ídolo, precisamos de produtores com menos fome de dinheiro e mais fome de qualidade, que acredite no resultado do investimento em médio prazo. ÍDOLOS não vai revelar ídolo, não projetou e nem vai projetar ninguém, por lá não vai passar nenhum grande talento por que o programa não tem esse objetivo real, é uma brincadeira para descontrair o telespectador como eu, que gosta de dar boas gargalhadas à custas daqueles que não tem vergonha de pagar mico. Vou assistir ÍDOLOS, é tão bom quanto Pica-Pau e Leôncio, tenho certeza que nesse ponto o POLÍGRAFO vai dizer em palavras verde que é VERDADEIRO.


Divulgador Cultural

nilsonsotero2@hotmail.com

sábado, 16 de agosto de 2008

HOJE TEM FESTA NO CÉU



Por Sky Rodrigues



Como traduzir o sentimento diante da morte daquele que melhor cantou as coisas do Brasil?

Estamos mais tristes e mais órfãos pois uma das grandes referências da poesia musical brasileira se foi.

Quem melhor que Dorival Caymmi pra cantar a Bahia?

Pra falar de jeito brasileiro de viver?

O baiano faceiro só queria saber do mar.

Sereno e tranqüilo esperou a morte chegar com a calma de um pescador.


Brasil, país de tantas belezas...

do futebol, da cerveja..

Brasil de Dorival Caymmi

Da loira, da "nega..."

Das praias que ele cantava..

Do Senhor do Bonfim..

Do mar que ele adorava..

Da água de côco..

Dos sambas que ele criava..

Caymmi, cadê você?



“...O marinheiro bonito saiu pra pescar e não voltou..

Sereia do mar levou..” (trecho da música É Doce Morrer no Mar)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

QUEM VEM PRIMEIRO?


Por Sky Rodrigues


Não há como contestar que a Bossa Nova foi um divisor de águas na história da música brasileira. Os papas que construíram esse movimento têm nome garantido na galeria mais importante do cenário musical.

Cinqüenta anos depois, estamos vivenciando homenagens, shows, tributos, etc. Mas tem um certo senhor, discretíssimo, que passa o dia inteiro trancado em casa, não recebe ninguém, não dá entrevistas, que está, me desculpem o termo, cagando e andando pra tudo isso.

Recentemente, a folha lançou uma coletânea com a história da Bossa e a obra das principais figuras que viveram esse período: Tom Jobim, Roberto Menescal, Nara Leão, Vinícius e muitos outros estão lá, menos o todo poderoso João Gilberto.

Os shows realizados pelo mundo têm preço muito acima da média (não estou discutindo preço pois a boa produção é cara mesmo), quem pode pagar vai. Mas, não adianta reclamar do calor, porque o homem manda desligar todos os aparelhos de ar refrigerado, a platéia tem que ficar quietinha senão o show pára. ah! E aquela luz está muito forte no rosto do senhor JG (apague por favor..) Os operadores de PA e monitor, coitados, rezem o Salmo 90 antes de começar o evento.

Em São Paulo, os ingressos, que custavam 360 reais (preço oficial) se esgotaram em 3 horas (teve gente que pagou 1 mil por ingresso ao cambista). E ele até estava "bonzinho" pois não reclamou do toque de um celular e do som de abertura do sistema windows que escapou para a platéia em uma falha do som. Deus abençoe o humor desse homem, (acho que os operadores rezaram o Salmo). Ou então o motivo são os dois milhões que o nosso gênio vai embolsar com a mini turnê que acontece no RJ e SP pelo projeto Itaú Brasil em comemoração à Bossa Nova. Hum... ta explicado

Nossa estrela chegou com 1 hora e meia de atraso.

Tudo bem, ele pediu desculpas ao público dizendo que isso quase nunca acontece.


E ali estavam todos absolutamente entorpecidos e “comportados” diante da grandiosidade daquele que criou a Bossa Nova.

Como se explica isso?

Por favor, nos ajude a descobrir o que aconteceu com o público que mais parece hipnotizado pelo bôto. (ainda bem que o show não foi aqui no Amazonas, senão...)

Ora, paciência meu nêgo!

Ainda acho que a grande estrela é quem vai ao show, compra o cd, baixa a música na internet e faz a festa. Quando esse público começa a se tornar refém do ego de homens como o Sr. João Gilberto, significa que a obra perde o valor real e se torna coadjuvante diante da frescurite do artista.

Quem vem primeiro? A obra ou o criador?

Com todo o respeito, o sr. JG pode voltar pra casa e desfrutar da tranquilidade que lhe é de direito.

Apesar de sua ausência, vamos continuar vivendo e ouvindo bossa.

Como diria Cazuza: O tempo não pára!