quinta-feira, 26 de junho de 2008

AMOR É.... BOSSA NOVA

Por Sky Rodrigues


Nos anos 30 um certo senhor chamado Noel Rosa, fala pela primeira vez em “Bossa”, num samba chamado “Coisas Nossas” O samba, a prontidão/e outras bossas,/são nossas coisas(...). Mas em 58 é que nomes como João Gilberto, Tom Jobim, Luiz Bonfá e Vinícius de Moraes viraram uma espécie de símbolo nacional do gênero.
A Bossa nasce como o movimento de um grupo de compositores emergentes que se reunía na casa de Nara Leão. Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli entre outros faziam parte desse grupo que se apresentava em shows nas universidades .
Ao contrário do que se falou muito a Bossa Nova não foi apenas um jeito diferente de cantar e tocar samba. Foi uma revolução musical e sócio-cultural que mexeu com a cabeça de meio mundo.
As capas de cds super coloridas davam lugar a figuras geométricas e abstratas que simbolizavam muito bem o pensamento daquela geração.
Cinqüenta anos depois, a Bossa Nova continua sendo referência pra muita gente, não só no Brasil. O movimento inspirou tendências que vêm imprimindo sua marca na cena musical mundial: Drum’n Bossa, Bossa’n Roll, e tantas outras bossas estão ecoando por aí....ainda bem.
Pra comemorar os 50 anos da Bossa Nova, uma “Cuba-libre, um banquinho e um violão!
E mais!
O show Amor é... Bossa Nova, com Lívia Mendes e convidados para uma platéia que encheu o teatro Amazonas. Público concentrado e ao mesmo tempo entorpecido pelo clima da noite.
No palco, além dos músicos que tocaram com maestria seus respectivos instrumentos, uma mesa onde está Norma Araújo bebericando e contando as histórias do tempo em que aquela turma se reunia pra tocar e cantar o novo ritmo. Tinha também um senhor (que bem podia ser João Gilberto) com o violão na mão dedilhando clássicos.. tudo conspirava para vivenciarmos as mesmas emoções de uma geração que marcou pra sempre a história da nossa música.
Emoção e Mágica com Bossa Nova.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

SEM PIRES NA MÃO...

Divulgar o trabalho de gente da região é uma missão deste espaço. Mas, é bom deixar claro, que têm muitos "artistas" por aí dizendo que é obrigação da imprensa, da mídia, mostrar e valorizar "a prata da casa".
Ora, vamos concordar que a acomodação sempre foi o grande abismo que separou, ele, o artista, da linha de chegada.
Entre um show e outro, lá estava o ser reclamando da falta de patrocínio, das inúmeras dificuldades, que afinal, são normais, pois o mercado cresce, a concorrência é implacável.
A regra é a seguinte: quem vai atrás tem mais chances.
Acomodar-se em berço esplêndido esperando o apoio do poder público é o pior vício que um artista não comprometido com sua arte pode ter.
Então, aqui no Club da Cultura, vamos abrir espaço pra quem quer entrar na briga e buscar o alcance de metas, com planejamento, organização e acima de tudo com ética.
O endereço é: clubdacultura@gmail.com
MYTHOS
Neste sábado, dia 28, o grupo de rock Mythos embarca para São Paulo para participar de um duplo lançamento: o vol 2 da coletânea independente GRC Rock e o pré-laçamento de Círculos, o mais recente trabalho da banda.
Ambos foram produzidos pela GRC Music Produções Artísticas e serão lançados pelo selo independente paulistano XQuality.
Além do duplo lançamento, o grupo fará entrevistas em emissoras de rádio da capital paulista e serão sorteados cd´s, dvd´s com os quatro clipes gravados pelo grupo.
Com uma safra de novíssimas composições e o resgate de outras duas remanescentes do início da formação do grupo, o cd revela um cuidado especial nos arranjos e um amadurecimento vocal ainda não visto nos trabalhos da Mithos.
O ponto forte deste trabalho consiste em evoluir nos resultados de produção do cd.
O lançamento oficial em Manaus está previsto para julho quando, enfim, o grupo retorna à Manaus.
A atual formação da banda conta com Marcelo Oliveira ( voz, guitarra base e violão ), Orley Araújo ( guitarra solo ), Oziel Santos ( bateria ), Rock Lane Oliveira ( baixo ) e Idélcio Cardoso ( voz e guitarra base ).

Ouça o CD no site: www.myspace.com/grcrock

terça-feira, 24 de junho de 2008

ECONOMIA CRIATIVA E MEIO AMBIENTE - UM CASAMENTO PROMISSOR

Começando pelo lado vazio do copo brasileiro: investimentos precários em infra-estrutura, rede de comunicações ainda aquém da desejável, qualidade da educação formal degringolante, falta de práticas públicas de longo prazo. Agora, o lado cheio: pujança criativa, diversidade cultural estonteante e uma biodiversidade tão vasta, que nem mesmo nós a conhecemos por completo. Além, convenhamos, daquela mania irresistível de mudar algo aqui e algo ali, para ver no que dá... A tal da criatividade que é tão associada ao perfil do brasileiro.
A pergunta que não quer calar: como subir o lado cheio, tendo em vista o peso acachapante do lado vazio? Com vocês, a economia criativa à brasileira, ancorada em um entrelaçamento indissociável de cultura e meio ambiente como base de negócios. A tal ponto que há quem fale de diversidade biocultural, como o fruto de um processo histórico de conhecimento e produção. O que isso tem a ver com oportunidades de negócios? Tudo.
Embora não haja uma definição única de economia criativa, ela compreende setores e processos que têm como insumo a criatividade – ou seja, o que é diferente, singular, único - e trabalham com modelos de negócio inovadores, para produzir bens e serviços com valor ao mesmo tempo simbólico e econômico. Em última instância, a criatividade, o intangível do conhecimento incorporado a produtos e serviços, inclusive os que unem cultura e meio ambiente.
Esse leque de produtos e serviços tem, em um extremo da escala, os saberes e fazeres de nossas comunidades tradicionais – ribeirinhas, indígenas, quilombolas, que nos apresentam um outro modo de ver o mundo, de forma muito mais complexa e enredada do que nossos olhos urbano-ocidentais conseguem. São outros códigos, outras formas de resolver problemas – inclusive problemas que nos parecem insolúveis, neste momento de questionamento de paradigmas econômicos e sociais. Para essas comunidades, uma palmeira tem não só valor como parte de um todo ambiental, mas também cultural. É dela que se fazem cestos, pratos típicos, histórias inspiradoras. Ora, se o cesto não tem valor econômico e é mais acessível comprar o pote de plástico da novela das oito, a palmeira passa a ser só uma palmeira. Se para abrir caminho ao pasto a palmeira for cortada, o que sobra é a necessidade de comprar o pote de plástico. Duas diversidades que entram em extinção, já que cultura e meio ambiente são absolutamente indivisíveis.
Por outro lado, temos uma população urbana ávida por experiências, conhecimentos e produtos artesanais, sem acesso a eles por simples falta de distribuição. Por falta de acesso. Por falta de visão de empresas que percebam nisso um filão de negócios varejistas e de bancos que invistam no crédito a cooperativas e negócios culturais de forma efetiva. Na contramão dessa história, empresas como Tok&Stok e Pão de Açúcar vendem produtos étnicos e regionais e restaurantes como Brasil a Gosto desvendam a nossos sentidos a riqueza indissociável entre cultura e meio ambiente,
No outro extremo da escala, temos uma miríade de empresas de vários tamanhos, de gestão familiar a conglomerados farmacêuticos, de cosméticos, instrumentos musicais, design e jóias, que vêm buscando na riqueza de nossos recursos ambientais a inspiração para transformar seus produtos em experiências de uso, que trazem em si uma história, um contexto, uma ampliação de horizontes. Surgem assim os cosméticos da linha Ekos, da Natura; as biojóias de tantos designers e redes de joalherias brasileiras; e empresas exportadoras de instrumentos musicais feitos com nossas matérias-primas e dos quais saem sons que levam nossa música e a imagem do Brasil a outros continentes.
Outra vertente promissora nessa questão é a do turismo cultural legítimo, aquele que amplia a visão de mundo dos visitantes que, por sua vez, comportam-se como hóspedes admirados. Hoje, uma das grandes tendências dos viajantes, a bordo da chamada onda da economia da experiência, não é assistir a festas tradicionais ou simplesmente degustar um prato típico em um restaurante local. Eles querem ir para a cozinha, aprender a cantar a toada, decorar as ruas com bandeirolas e vestir a fantasia. Querem entender o contexto da criação e ser parte dele, compreender sua história e com isso transformar a sua própria história.
Os recursos que o turismo cultural gera são de um potencial avassalador. Basta imaginar que a World Travel Organization projeta para 2020 um fluxo de 1,6 bilhão de turistas, dos quais somente 17,6% para as Américas... E, desse total, apenas 4% para o Brasil, o que não passa de 0,7% da pizza mundial... Se considerarmos que 56% dos turistas optam por destinos que tenham apelo cultural, a conta para que demos mais reconhecimento econômico à soma das nossas diversidades cultural e ambiental é simples.
O que falta, para catalisar essa tendência, é reconhecer de vez o potencial de negócios que vem do encontro da biodiversidade com a diversidade cultural. Isso envolve analisar os gargalos na cadeia de produção, na capacitação de profissionais que atendam às diversas fases de criação, produção e distribuição, desenvolver um modelo de análise do intangível cultural que constitutade fato um business case e começar a tratar cultura e meio ambiente não como despesas e problemas, mas como investimento, recursos socioeconômicos e filões negócios singulares, sustentáveis e ainda inacreditavelmente inexplorados.
ANA CARLA FONSECA REIS
Administradora Pública pela FGV, Economista, Mestre em Administração de Empresas e Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela USP, Ana Carla é fundadora da empresa “Garimpo de Soluções – economia, cultura e desenvolvimento”, consultora em economia criativa para a ONU, curadora da conferência britânica “Creative Clusters”, do “Creative Cities Summit” de Detroit e de diversos seminários nacionais e internacionais. Conferencista internacional em cinco línguas, é autora de “Marketing Cultural e Financiamento da Cultura” e “Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável " (Prêmio Jabuti 2007 em Economia, Administração e Negócios). e É professora de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas (SP), Universidade Candido Mendes (RJ) e Faculdade São Luís (SP).

quinta-feira, 19 de junho de 2008

FESTA NO TERREIRO DO NCPAM


Terreiro é uma categoria espacial consagrado pelo “povo do santo” para celebração de encontros em si e para si, religando homens e Orixás. Esse campo sagrado redime os homens dos males e potencializa também a participar da vida social como protagonista da história.Da mesma forma, no território tribal das comunidades indígenas, o terreiro é determinado por manifestações espirituais de modo ritualístico, motivando as comunidades a enfrentar os embates e a formular novas estratégias de sustentabilidade numa perspectiva de desenvolvimento humano.Nesse campo antropológico mediado por formulação de políticas públicas, pautadas na crítica social, é que se instituiu há 2 anos o NCPAM, motivado pelas discussões decorrentes do curso de Ciências Sociais e demais áreas do conhecimento promovidas pelos alunos e professores, buscando operacionalizar projetos que correspondessem tanto a formação acadêmica quanto às demandas sociais recorrentes da nossa Amazônia.O NCPAM nasce grande, movido por um projeto de futuro capaz de desenvolver formas de intelecção, novas habilidades e competências, formando pesquisadores para interpretar e compreender as determinações constitutivas que qualificam as políticas no território amazônico.No curso das ações desenvolveu-se variados projetos e celebramos parcerias com instituições multilaterais, agregando empreendimentos sob a matriz da Cultura Política de forma transversal, dialogando com os demais campos do saber acadêmico e popular.Essa convivência caracterizada pelos debates e críticas, potencializou os atores a definirem os meios necessários para enfrentar e superar obstáculos de percurso, confiando em si mesmo e nos parceiros que creditaram no NCPAM, confiança e responsabilidade na gerência dos recursos, seja do poder público ou privado.
O desafio é grande e compartilhado com todos que, direta ou indiretamente contribuem com os nossos projetos de pesquisa e extensão, principalmente, os credenciados pela Universidade Federal do Amazonas por delegar representação junto ao fórum das Instituições de Ensino Superior através de avaliação de projetos específicos aprovado nessas instâncias.Mas, o nosso maior desafio é fomentar no meio acadêmico uma cultura empreendedora, rompendo com as práticas patrimonialistas e investindo, cada vez mais, na capacitação dos atores acadêmicos capazes de formular, negociar e executar projetos intra e extramuros, concorrendo no mercado dos projetos pela qualidade e competência de suas propostas.Certamente, a legitimidade dos projetos está nas demandas das comunidades e, sobretudo, no aceite das representações de suas organizações populares, que interagem com o NCPAM para garantia de direito e pelo reconhecimento de sua cidadania participativa.Por tudo, temos consciência de nossa missão. Contudo, nessa data festiva queremos comungar os momentos de tristeza e alegria, celebrando no nosso terreiro o sucesso dos nossos empreendimentos, religando força para garantir a consecução dos novos projetos ancorados na unidade organizacional que estamos construindo e sustentada na cultura da participação e da responsabilidade social.
Texto: NCPAM

O Club da Cultura parabeniza os membros do Núcleo de Cultura e Política do Amazonas pelo aniversário de dois anos e deseja que o espaço possa tornar-se uma poderosa ferramenta na busca da transformação e melhoria de vida do ser social.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

DESLIGUE A TV, LIGUE-SE NA VIDA


Por: Alfredo P. dos Santos



Duas experiências mudaram radicalmente a minha visão no que se refere ao uso de televisão, computadores e videogames, principalmente por parte de crianças. Uma delas foi a leitura do livro "A criança e a TV", da médica e psicanalista argentina Raquel Soifer. A outra foi a leitura dos textos do professor Valdemar Setzer, que estão disponíveis na internet para quem quiser consultar.
Não é de hoje que se suspeita que haja alguma coisa errada com a TV. O cronista Sérgio Porto, nos anos 60, referia-se a ela como "a maquina de fazer doido" e o sociólogo Betinho a classificou como "a mais fantástica maquina de imbecialização jamais criada". Outro sociólogo, este norte-americano, Waldo Frank, disse que "a TV esta formando gerações de débeis".
A médica Raquel Soifer, contudo, vai mais longe, ao afirmar que a TV cria problemas de dislalia, dislexia e disgrafia nas crianças. E mais: a TV narcotiza essas crianças, predispondo-as ao consumo posterior de drogas. Há no livro o depoimento de pesquisadores de MIT que afirmam categoricamente que "as pessoas que, a partir dos anos 60, cresceram diante da TV, não tem a inteligência das mais antigas. " Eu imagino que isto seja verdade, quando comparo as crianças de hoje com as do meu tempo de garoto. Ressalto que falo com a visão de quem passou a infância e a adolescência em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, na década de 50. Naturalmente que os meninos de hoje sabem muito mais em matéria de sacanagem do que os da minha geração. Em compensação, perdem de dez a zero em matéria de raciocínio lógico, inteligência e cultura. Eu só tenho uma explicação para isso: o longo tempo que elas permanecem em frente a TV e vídeo games. Naturalmente que algumas crianças escapam a esta triste sina quando os pais são mais esclarecidos, como o Bill Gates, que afirmou: "os meus filhos terão computadores, mas antes terão livros" e limitava o tempo deles diante da TV a 45 minutos diários. Outras crianças escapam porque as muitas atividades em que estão envolvidas (culturais, esportivas, etc.) não lhes deixa muito tempo para ver TV.
Locke dizia que "não há nada no domínio da razão que não tenha passadoantes pelos sentidos". De minha parte, tenho dito que física e matemática não se começa a aprender na escola, mas sim nas primeiras brincadeiras infantis.
A minha má vontade com a TV não se refere apenas ao seu uso por partede crianças. Acho lamentável que muitas pessoas idosas levem uma vida tão vazia e tão destituída de sentido que não conseguem se desgrudar da TV, desperdiçando seus últimos anos de vida diante dela. E o que é pior, acelerando o processo de sua própria decadência, como pesquisas recentes revelam. È como se essas pessoas estivessem renunciando a uma vida útil e ativa e ficassem aguardando o inevitável fim, como condenados no corredor da morte.
Pode ser que nem tudo esteja perdido. A luta pelo desenvolvimento exige competência e não se pode exigir tal coisa de uma geração de iletrados. Desse modo os governos, por mais incompetentes que sejam, vão perceber que alguma coisa precisa ser feita, que providências precisam ser tomadas para elevar o nível cultural do povo, incluindo-se ai as competências lógico-matemáticas.
Antes de tudo há que se conscientizar os pais. O problema que eles também são viciados em TV, de modo que a luta será árdua.
Eu não chego a ser como o professor Valdemar Setzer, que evitou ter TV em casa durante muitos anos, nem tenho filho pequeno que justifique a retirada do aparelho, como fez um amigo meu, para evitar que o filho, de quatro anos, seja prejudicado pela TV. Tenho um único aparelho que uso para ver DVDs e, eventualmente, ver um ou outro programa de TV a cabo. As vezes vale a pena, mas nunca fico muito tempo, pois acho que existem coisas mais agradáveis de se fazer do que ficar parado vendo TV. Gosto muito mais de escrever, por exemplo, como estou fazendo agora.Há poucos dias vi, no GNT, um programa que trata de uma experiência levada a cabo por uma escola inglesa, e que consistiu na retirada de aparelhos de TV, computadores e videogames, por duas semanas, dos lares cujos pais concordaram em participar da experiência.
A escola esperava que o teste tivesse algum impacto no desempenho escolar dos alunos, o que de fato houve, mas o impacto maior foi na própria vida do lar e na relação entre as crianças e entre elas e seus pais.
A primeira e importante conclusão foi: TV NÃO FAZ FALTA. As crianças começaram a usar a imaginação nas suas brincadeiras e a jogar xadrez e outros jogos e a brincar mais.
Uma coisa que ficou manifesta é que os pais, quando diziam que nãosabiam como as crianças iriam se sentir, na verdade estavam preocupados com o que eles, pais, iriam sentir. Tratava-se, pois, de mera projeção. Ficou claro que muitos pais usam a TV para controlar os filhos (baba eletrônica) e sem ela eles precisariam mostrar que estavam a altura do desafio de serem pais.
A retirada da TV e de outros aparelhos proporcionou uma maior interação entre os membros da família. As crianças se acalmaram porque passaram a receber mais atenção e o ambiente melhorou consideravelmente.
Ao término da experiência em alguns casos o consumo da TV reduziu-seem 50 por cento. Alguns pais resolveram tirar a TV dos quartos dos filhos, bem como dos seus próprios quartos, conservando uma única TV na sala para que todos pudessem vê-la conjuntamente.
Em suma, quando nos Estados Unidos alguns grupos começaram a fazercampanha cujo slogan era DESLIGUE A TV. LIGUE-SE NA VIDA, eles sabiam o que estavam dizendo.
O Brasil é um pais onde as pessoas ficam muito tempo diante da TV. Não por coincidência os nossos estudantes se saem muito mal em matemática, ciências e idiomas quando comparados a estudantes de outros paises.
Salta, pois, aos olhos que temos sido bastante estúpidos em relação a esta questão, mas não há nenhuma razão para que continuemos a sê-lo, indefinidamente.


Rio de Janeiro, 29 de março de 2008



A TV é um entorpecimento físico e mental constante (Valdemar Setzer).

terça-feira, 17 de junho de 2008

COARI E O CAPITALISMO

Com o cuidado de não pré-julgar ninguém, é importante ver como se tecem algumas das teias da riqueza localmente.
O que está acontecendo em Coari mostra os laços entre poder político e poder econômico numa circunstância de abundância - e não carência - de riqueza. Também mostra que o problema não pode ser visto pensando apenas em termos da "corrupção dos agentes públicos" ou da "ganância dos agentes privados". É no modo como ambos se relacionam que está o problema. Essa relação promíscua não tem repercussão apenas sobre a distribuição do poder econômico, isto é, sobre como determinados agentes se apropriam da riqueza produzida socialmente. Ela também repercute sobre a distribuição do poder político, sobre os grupos sociais que controlam posições decisórias importantes no Estado, na Assembléia, nas Prefeituras e câmaras municipais.
Em outras palavras, muitos dos recursos públicos privadamente apropriados servem tanto para enriquecer uns, quanto para financiar a chegada de outros a posições políticas que permitem manter o "círculo vicioso da safadeza" e, com ele, o "círculo vicioso da riqueza" de uns e da "pobreza" de outros. O mesmíssimo processo, ainda que com conotações diferentes, se verifica em vários outros lugares, basta lembrar de vários casos recentes - privatizações, operação Albatroz, mensalão, TRF/SP, operação Rodin/RS etc., etc., etc.
Essa é uma das facetas do que alguns chamam de "capitalismo gângster" ou "capitalismo bandido", algo que poderia ser chamado, simplesmente, de "capitalismo".
Não esqueçamos das fraudes da Enron e de outras empresas norte-americanas que foram tratadas como "bad apples" pelo governo norte-americano. Não esqueçamos, tampouco, do surgimento das máfias na Rússia e de seu agenciamento por consultores do governo norte-americano e de "agências multilaterais" - como FMI e Banco Mundial.A lógica "gângster" e "bandida" não parece ser, portanto, uma qualidade de determinados indivíduos e sim algo incrustado na dinâmica da economia política do capitalismo global.

Marcelo Seráfico - Cientista Social -
mserafico@hotmail.com

LEIS DE INCENTIVO PREJUDICAM A PRODUÇÃO CULTURAL

Tenho ouvido o lamento de muitos artistas diante das dificuldades (segundo os mesmos) de executarem seus projetos, e, quase todos se referem à falta de incentivos oficiais, a burocracia das Leis de incentivo e de como procedem as tais comissões normativas. Quem me conhece sabe, que sempre fui contra estas leis e fundos que financiam projetos artísticos e culturais, para mim essa fase já passou, produziu alguma coisa boa isso é verdade, mas, a maioria dos projetos são verdadeiros refugos.
Criou-se um vício, hoje pouca gente tem coragem de sair por aí, como se fazia antigamente, em busca de apoio para realização de projetos e olhe que se faziam bons projetos!
Já não temos mais tantas opções de peças teatrais, de bons shows musicais, de boas exposições, etc e tal por que muitos artistas encontram-se sentados à porta da oficialidade com seus pires nas mãos. Como se não bastasse, a oficialidade fortalece ainda mais o setor da mendicância criando uma tal ‘teia’, ampliando assim a vagabundagem em nome do resgate cultural, ora, tenha a santa paciência!
A profissão de artista é como qualquer outra, mas só o artista não quer assumir isso, não busca uma forma de organização, está sempre pregando a liberdade e os anos vão passando, passando e o cara não sai do lugar e tome pau a reclamar... não quero que pensem que estou salvando a pele dos poderes estabelecidos, não! Estão cheios de culpa também por não saber lidar com arte e cultura e insistirem em manter nos cargos estratégicos, pessoas ignorantes que ainda pensam em festivais de música, gincanas e outras baboseiras que só os seres atrasados sabem fazer. E fica assim; de um lado os políticos não sabem propor nada, do outro lado os artistas também ficam de braços cruzados só reclamando e reclamando, em muitos dos casos, sem noção do seu próprio problema, o negócio é reclamar! Não percebem que, enquanto ficam choramingando deixam de trabalhar e se deixam de trabalhar, deixam de produzir, então, se não produzem não estão fazendo nada e se não fazem nada estão iguaiszinhos aos caras que ocupam secretarias e fundações de cultura; com um detalhe: eles ao menos sabem ganhar dinheiro e o fazem à suas custas, em nome do incentivo à cultura. Está na hora de exigir o fim dessas leis e propor algo novo. Que tal uma forma de financiamento da produção específica para o setor, com juros baixos, desburocratizados, com as mesmas facilidades que se tem para comprar um carro e que permita ao artista não dar calote mas que possa se utilizar desse banco para viver do seu produto? Então chega de ficar chorando, amigo, isso ta virando mania, assim, quem ganha são os milhares de espertinhos que fundam organizações não governamentais que são mantidas pelos governos e, conseqüentemente, por você, que fica esperando tudo na boquinha... Enquanto isso, perde a população que já não tem mais aquelas boas produções locais de antigamente.


Nilson Sótero(nilsonsotero2@hotmail.com) - AgenteCultural de João Pessoa

AVENTURAS DO ZEZÉ NA AMAZÔNIA


Vamos falar de um caboclo que nasceu em Roseiral, às margens do Paraná de Serpa, município de Itacoatiara. Élson Farias, viveu a infância à beira do rio e conheceu desde cedo as estórias contadas pelo tio Luiz, que o introduziu aos mistérios da floresta e dos ribeirinhos da Amazônia.
Depois, veio pra Manaus e integrou o “Clube da Madrugada”, um movimento de renovação das letras.
Em seguida, veio a Academia Amazonense de Letras, da qual é o atual presidente, ocupando a cadeira de número 12.

O poeta é um dos mais prestigiados da região e tem um trabalho de difusão das letras pelos quatro cantos da cidade de Manaus. O que mais encanta na poesia de Élson Farias é o amor que manifesta por sua terra, pela natureza, com um estilo regional sem ser regionalista.
Com tanta coisa pra contar, ele se inspirou em um personagem da vida real chamado José Eugênio, o Zezé, seu filho, com D. Roseli, para criar “As aventuras de Zezé”, um menininho que observava o pai sentado na beira do rio Amazonas contando as estórias da floresta.

O Zezé do livro, nasceu quando o de verdade já estava com 5 anos e já virou uma coletânea com 10 livros para crianças da 1 à 4 séries.
Mas, tanto a poesia infanto-juvenil quanto as obras para o público adulto, têm a magia e encantamento telúrico.

O GRILO - 1980 - (ÉLSON FARIAS)


O pequeno grilo,

incrivelmente,

carrega na crista dos ruídos de suas asas

um violino agressivo,

fino serrote numa cantiga velha como a serra.
Os mínimos gritos da noite

se registram na conta dos grilos,

infimamente,as corujas se resumem,

os sapos, todos nos ais do grilo,

humildemente, só.
Quando a noite se deita,

silenciosamente, só se ouve a solidão

acalantando o sono das plantas

nas folhas recurvadas, onde o grilo afina

o áspero violino.



quarta-feira, 11 de junho de 2008


O vestido
Adélia Prado



No armário do meu quarto
escondo de tempo e traça
meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas
à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.

sábado, 7 de junho de 2008

TEIXEIRA DE MANAUS É O QUE HÁ...


Sim senhor, ele é referência da música instrumental amazonense. Hoje, mais de duas décadas depois de subir ao palco pela primeira vez, "Teixeira de Manaus" pode olhar para trás e ter a alegria desta conquista. A importância de seu legado jamais poderá ser contestada.
Felizmente, sua obra está disponível em coletânea lançada em sua homenagem. A caixa com dois CDs, intitulada "Homenagem ao Artista", vem com tiragem inicial de cinco mil cópias.e está disponível na loja Disco Laser.
Teixeira de Manaus foi um dos maiores vendedores de discos na década de 80" e aquele refrão: “Parárará, Teixeira de Manaus! Parárará, Teixeira de Manaus...” grudava na cabeça da gente. Nos domingos, depois do almoço só dava ele! O som alto nem incomodava a vizinhança: “.. Abra a sua porta, deixa o meu sax entrar!..”
Na música “Boi Voador” (Mauricio Pardo e Denílson Novo)do grupo “Os Tucumanus”, o nome de Teixeira é exaltado, com as honras de Boi luz de guerra.
Teixeira de Manaus é um dos patrimônios da música do Norte. Aos poucos se recupera de um período difícil que comprometeu em muito sua saúde. Aos 63 anos não sabe se poderá voltar aos palcos, mas não importa; quem foi rei nunca perde a majestade.

PARA SE GARANTIR A EDUCAÇÃO ETNO RACIAL

Começa nesta segunda-feira (9), o curso de formação continuada de professores da rede estadual do Amazonas sob a temática da Cultura Indígena e Afro-Brasileira. A iniciativa é da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) por meio do Núcleo de Cultura Política (NCPAM) do Departamento de Ciências Sociais, contando com o patrocínio da Petrobras, Ministério da Cultura, Fundação de Apoio a Universidade Federal de São João Del-Rei, Minas Gerais, mais o apoio da Secretaria de Educação do Estado (SEDUC) e o Sebrae Amazonas.O projeto de formação continuada foi selecionado nacionalmente pelos patrocinadores através de Edital Público, beneficiando diretamente os professores do ensino fundamental e médio da rede pública do interior do Estado.Para o coordenador, professor e antropólogo da UFAM, Ademir Ramos, a iniciativa é original em cumprimento a Lei 11.645, de 10 de março passado, promulgada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, exigindo que se inclua no currículo da rede de ensino a temática história e cultura dos povos indígenas e afro-brasileiros.Na segunda-feira próxima, às 14 h, o curso inicia com uma mesa redonda, discutindo e apreciando os paramentos da Educação etno-racial, tendo por referência as Diretrizes do Conselho Nacional de Educação.Para a mesa redonda, segundo os organizadores do curso, foram convidados os representantes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, do Movimento Negro e o Procurador-Chefe do Ministério Público Federal no Amazonas, assim como os veículos de comunicação do Estado.Indagado sobre a metodologia adotada, o professor Ademir Ramos explica, que “o curso será gerado em Manaus, no Centro de Mídias da SEDUC, entendimento este, acordado diretamente com o senhor secretário de Educação do Estado, bem como todo trabalho tem se dado em parceria com a gerência do ensino fundamental da Seduc, buscando dessa feita, interiorizar cada vez mais a temática nas escolas pública do Estado”.O projeto, afirma o professor, é pioneiro no Brasil, merecendo atenção dos educadores para essas práticas pedagógicas, devendo ser discutido amplamente pelos professores, alunos e servidores, com propósito de se consolidar um novo projeto político pedagógico nas escolas, que combata o preconceito, a descriminação, o racismo e toda e qualquer forma de intolerância.As aulas estão centradas, explica o coordenador do projeto, sob as seguintes temáticas – Brasil Indígena, Brasil Africano, Cultura Indígena e Afro-Brasileira e Oficinas pedagógicas. Para esse fim, os pesquisadores do NCPAM e os técnicos da Seduc trabalharam por mais de quatro meses na pesquisa e editoração das aulas, em forma de cartela, vídeo e outras formas de linguagens.O NCPAM está convicto que qualquer atitude contrária às práticas afirmativas da educação etno-racial deva ser rechaçada publicamente e se recorra imediatamente ao Ministério Público Federal, para salvaguardar a Lei 11.645/2008 e garantir ações de políticas afirmativas em favor dos povos indígenas e dos afro-brasileiros.Não fique fora dessa luta, participe manifestando suas considerações ou enviando suas mensagens aos professores em formação, que se encontram, sobretudo, em suas comunidades no interior do Estado.

Texto: ncpam.com

terça-feira, 3 de junho de 2008


Ele se define como um cabra tímido, caseiro e reservado, sem “malquerença” nenhuma. É poeta de todo o Brasil. Das escolas, hospitais, praças, grandes teatros... de todo lugar. Tem o estilo”Quiriniano”Jessier Quirino é paraibano de Campina Grande e autor dos livros: “Paisagem de Interior” (poesia), “Agruras da Lata D`água” (poesia), “O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho” (infantil), “Prosa Morena” ( poesia e acompanha um pires de CD ), “Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão” ( legendas e imagens gargalhativas sobre folclore político popular ), CDs: “Paisagem de Interior 1 e Paisagem de Interior 2”, o livro: “Bandeira Nordestina” (poesia e acompanha CD), A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros - em parceria com Joselito Nunes – todos editados pelas Edições Bagaço do Recife - além de causos, músicas, cordéis e outros escritos. Em seu trabalho vem fazendo uma etnografia poética dodos hábitos e linguagem do agreste e do sertão nordestinos, disse o ensaísta e poeta Alberto Cunha Melo.Em seus shows Jessier mostra uma variedade bem humorada que vai desde a poesia matuta, até causos, cocos, cantorias e piadas. O danado é “domador de palavras”


Para saber mais sobre Jessier acesse: jessierquirino.com.br.

LITERATURA

Quando se trata de literatura, rapidez na produção não é sinônimo de qualidade. Seguindo esta linha de raciocínio, surgiu o Prêmio Jabuti, em alusão ao vagaroso animal, símbolo de paciência. Na cerimônia marcada para dia 31 de outubro, o evento terá um brilho extra: a comemoração de cinco décadas de existência.Concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Jabuti consolidou-se como o mais importante do gênero. Que o digam autores vencedores da estatueta, como o romancista amazonense Milton Hatoum. "Na verdade, quem ganha não somos nós, mas os próprios livros. O autor agradece e tenta corresponder às expectativas dos leitores", afirma ele, que, num mesmo ano (2006), abocanhou dois Jabuti, por "Cinzas do Norte", nas categorias Melhor Romance e Livro do Ano.Um dos diferencias da premiação é o espaço não somente aos autores, mas aos que participam do processo de criação. Ao todo, 20 categorias são definidas por jurados, cujos nomes permanecem em segredo até a noite da premiação. "De certa forma, é uma alternativa para preencher a lacuna de que, no País, há poucos prêmios aos criadores", justifica José Luiz Goldfarb, que atua como curador do Jabuti desde 1990.SurpresasConforme antecipa José Luiz, a última noite de outubro, na Sala São Paulo, na capital paulista, será marcada por surpresas e nostalgia. "Convidaremos pessoas que já ganharam para a entrega dos prêmios. A proposta é fazer uma mistura do que é o Jabuti hoje e do que foi no passado", declara.Quanto às apostas para a edição de 2008, como as inscrições não foram encerradas (a organização prorrogou-as até 30 de maio), o curador diz que é cedo para citar nomes ou obras. "Hoje, as próprias editoras fazem um processo de pré-seleção, facilitando ainda mais nosso trabalho. Tudo isso em função da credibilidade que o Jabuti conquistou ao longo de 50 anos", comemora José Luiz. Para citar alguns profissionais que fizeram história no Prêmio Jabuti, Caco Barcellos (2004, por "Abusado", categoria Jornalismo); Chico Buarque (2004, por "Budapeste", categoria Livro do Ano) e Jorge Amado (1959, "Gabriela, Cravo e Canela", Romance).

Texto: Divulgação.

DE QUEM É A AMAZÔNIA???


Esta pergunta foi título de uma reportagem do jornal americano “The New York Times” de alguns dias atrás. A matéria diz que líderes internacionais estão declarando abertamente que a Amazônia não é um patrimônio exclusivo de nenhum país e cita também as palavras do ex-presidente americano Al Gore que disse que, nós brasileiros, estamos errados em achar que a Amazônia nos pertence, na verdade é de todos.Resta saber de que forma o governo brasileiro vai responder a essa questão.Especialmente neste momento em que sai do cargo de ministra uma representante que fala a mesma língua de alguns ativistas ambientais e entra em cena um homem que defende as políticas para uma Amazônia sustentável, o que é claro, não é ruim, dentro das devidas proporções. São duas bandeiras: a demanda por recursos energéticos que cresce diante da luta para conter as mudanças climáticas decorrentes dessas tecnologias.Políticas para restringir o acesso de estrangeiros e até brasileiros ao território amazônico estão em pauta, são as famosas licenças que já causaram tanto desconforto ao ministério.A bem da verdade, já sabemos que os estrangeiros têm tido livre acesso ao nosso espaço há muito tempo.Portanto, o que se chama “soberania nacional” não tem funcionado muito bem por aqui.Os ícones da fauna e flora amazônica estão espalhados pelo mundo e deixaram de ser nossos e muitas partes do território da região Norte já são de propriedade de outros com o velho discurso: estamos apenas garantindo a preservação.Quem está enganando quem?


“Don´t worry, be happy”.

O MUSEU DO HOMEM E O MURO DAS LAMENTAÇÕES




A Prefeitura de Manaus estará entregando à população o Museu do Homem, maior e mais moderno que o antigo, com 4 mil peças no acervo, mostrando o homem da região sem focar excessivamente no índio ou no caboclo. No novo Museu do Homem o visitante poderá ter uma visão integral do amazônida, de como ele vive, se alimenta, se locomove, que tipos de produtos extrai da floresta, sua relação com os rios e a natureza e participação no mundo moderno. Uma casa de farinha em tamanho real e um tapiri, de defumação de borracha, que é uma pequena cabana coberta de palha, como as antigas casinhas de taipa, muito comuns no nordeste, onde as pessoas podem interagir, são algumas das atrações. Trata-se de um novo modelo de Museu projetado para estimular o visitante a se interessar pela história do povo do lugar. A Fundação Joaquim Nabuco, foi quem cedeu todo o material para a Prefeitura, por meio de um contrato de comodato. O novo Museu do Homem conta ainda com uma belíssima biblioteca totalmente informatizada e uma loja de souvenirs (lembrancinhas) onde serão vendidos artesanatos, livros e CDS de autores regionais. Muito bem! Apesar de tanta modernidade, tantos cuidados, os administradores continuam errando por um motivo apenas, o fato de serem apenas administradores. Nestes equipamentos estratégicos de cultura é preciso que se tenham agentes culturais, que pensem e usem a arte e a cultura como instrumento de transformação e no mínimo, de reflexão social. No mundo moderno até os cemitérios mudaram suas fachadas - Manaus foi pioneira nisso -, ficaram menos ‘carregadas’, pesadas, estão dotados de lanchonetes e até pequenos auditórios para 20 e até 60 pessoas, isto ameniza o sofrimento daqueles que velam seus mortos porque o espaço tem um objetivo comum; Aproximar as pessoas com as mesmas necessidades. A história de um povo não deve ser contada somente para estrangeiros mas para o próprio povo e deve ser repetida muitas vezes, assim o povo percebe sua identidade e suas referencias. Para mim, todo museu deveria ter um aspecto mínimo de uma Casa Popular de Cultura, com todos seus ingredientes básicos e não apenas ser o museu, aquela coisa silenciosa. O novo Museu do Homem vai ficar uma beleza! Não tenho dúvidas disso mas, para atrair o visitante do estado ele terá que falar, vai precisar propor para poder incluir e nesse processo é necessário o conteúdo além da bela fachada. Como eu disse os secretários de cultura são quase sempre secretários, muitas vezes cercados por conselhos de cultura fajutos, sem representação das diversas áreas do setor artístico e cultural. Tais conselhos não fomentam a descentralização, o empreendedorismo, o escoamento da produção, a crítica especializada, etc, etc, ficam apenas nas conversas fiadas repetindo os mesmos erros e emperrando tudo, abrindo espaços para organizações picaretas que se estabelecem no vácuo da desorganização do setor que não propõe nada, pela ausência também de grupos de resistência como os da guerrilha cultural. Chegam com seus cabides de empregos tirando do pouco que a burocracia oficial destina para viabilização de alguns projetos culturais de artistas locais, muitas vezes grandes artistas anônimos. As secretarias de cultura deste Brasilzão precisam pensar e discutir cultura de modo geral e não somente a arquitetura. Uma grande ação cultural pode perpetuar o nome de um secretário (quase todos querem ficar para a história) e nem sempre um grande prédio consegue fazer. Parabéns à cidade de Manaus pelo seu novo Museu, mas é pouco, muito pouco diante da dimensão geográfica e da importância histórica deste povo e dos seus artistas que ainda não perceberam que a Cultura é responsável pela movimentação de bilhões de dólares em todo o mundo. E viva a Ópera Baré.




Nilson Sótero - Agente Cultural de João Pessoa(nilsonsotero2@hotmail.com)

SEM PAPAS NA LÍNGUA


Conversar com Ademir Ramos é o mesmo que abrir uma grande janela à nossa frente.
Essa foi a sensação que tive desde a primeira vez em que o ví em sala de aula.
Professor, antropólogo e índio, ele discorre sobre qualquer assunto, com a mesma facilidade que uma dona-de-casa fala da receita de feijão, dos bolinhos de trigo.
E tem mais: o faz com amor, comprometimento, dedicação e coragem.


JORNALISMO POLÍTICO NO AMAZONAS
O Sindicato dos Jornalistas do Amazonas, em parceria com Tribunal Regional Eleitoral, estará realizando nesta terça-feira (27) às 14, no auditório da Justiça Federal, o Seminário sobre Jornalismo Político.Na oportunidade, os especialistas irão discutir e analisar a legislação referente às eleições 2008, bem como a prática do jornalismo político, primando pela qualidade da informação e pela credibilidade dos profissionais da comunicação em respeito ao cidadão consumado pela notícia.Entre os palestrantes, estarei representando o NCPAM, expondo sobre a complexidade do ofício do jornalismo quanto à questão política. Para esse momento preparei um Caderno de Notas, estilo Gramsci, para suscitar debate e apreciação, tendo como pedra de toque a afirmativa da pesquisadora da UNB, a jornalista Liziane Guazine, que sintetiza a matéria nos seguintes termos: “é preciso vencer o medo de desvendar a caixa-preta do jornalismo político sob pena de não construirmos efetivamente, uma sociedade democrática”.A provocação requer que se esclareçam os fundamentos dessa assertiva, formulando questões prospectivas tais como: Quem tem medo? - Medo de quem? - O jornalista em si ou a indústria da informação? – Medo por quê? – O que tem de comprometedor nesta prática?As indagações são múltiplas, exigindo que seja feita uma análise profunda, na medida do possível, compreendendo a micro-física do poder, que assenta a relação de interesses entre governo, indústria da informação e os interesses difusos da sociedade civil democrática.Nessa perspectiva são importantes que se discutam os bastidores da prática do jornalismo político no Amazonas quanto à relação com as fontes, onde a disputa pelo furo pode comprometer a qualidade da informação por não checar a veracidade dos fatos. Dessa feita, o profissional é reduzido em garoto de recado dos interesses dominantes, aliados é claro, com os interesses da empresa de comunicação.Mas, a pergunta que também nos fazemos é: Existe jornalismo político no Amazonas? Como a questão política eleitoral tem sido tratada nos meios de comunicação no Estado? - com autonomia, oportunismo, compadrio ou simplesmente uma mera negociata, minimizando o interesse público em favor do favoritismo político dominante. Quem ganha com isso?A título de reflexão: Todos sabem que assim como o ex-Senador Jéferson Peres, o senador Artur Neto era articulista de a Crítica. No entanto as denúncias de malversações de verba pública, corrupção e outras falcatruas contra o dinheiro do povo praticado pelo governador Eduardo Braga, não receberam guarida nesse jornal, tendo o senador de migrar para o Diário do Amazonas.Em discussão: O direito a informação, contrapondo aos interesses privados. Nessa circunstância, a eleição pode transformar-se numa grande oportunidade de negócio, sendo a piracema para os tubarões da imprensa.Mas, o que tem sido feito para se vencer o medo enquanto prática organizacional? Quais os investimentos que podemos destacar nesse campo sejam eles oriundos da empresa de comunicação ou da categoria dos jornalistas?Outros dirão: indagações como estas não procedem porque o jornalista é um assalariado e necessariamente deve garantir o seu tostão. Esse argumento centrado na necessidade reduz qualquer qualificação do profissional aos interesses imediatos.No entanto, é necessário insistir que o jornalista, o profissional da comunicação, é um sujeito senhor da informação detém um capital simbólico que se traduz em credibilidade, em valor imaterial capaz de agregar força dissertativa e de sustentar o convencimento do leitor e do eleitor.Nem tanto, dirão outros, o que se discute na prática são “a verdade efetiva das coisas”, os valores e as concepções ideológicas dos jornalistas, editores e proprietários dos meios. Enfim a cadeia produtiva do noticiário, suas múltiplas versões. Esse realismo político vivido em tensão com os fatos, as fontes, o interesse público e privado é determinante para construção de uma cultura profissional.Reclama-se ainda, a falta do leitor, ouvinte ou telespectador capaz de operar criticamente, avaliando e condenando financeiramente as publicações e seus autores. Pois, na qualidade de consumidor o cidadão pode se manifestar, recusando-se a consumir o discurso da farsa e da corrupção, bem como também migrar de matutino ou mudar de canal.Por exemplo: domingo eu quero ler o Diário do Amazonas porque preciso conhecer as falcatruas internacionais do Alibaba do Amazonas (avaliar, analisar, conferir e julgar). É uma opção, mas para isso é preciso ter informação, principalmente se tratando de um jornalista ou um analista da política local. Desconhecer tal fato e outros fantasmas da corrupção, que por hora ronda o estado, é se tornar um profissional “lacaio e obtuso”. Desses estamos fartos.Ao contrário, tem se identificado no jornalismo local prática de jornalismo investigativo, que requer pesquisa, conferência das fontes e interesse público. Uma prática de convivência com o poder instituído com autodeterminação e credibilidade, transformando o jornalista em Educador Social, porque o acesso à informação faz do cidadão aprendiz da democracia, como bem afirmara Gramsci - Os Intelectuais e a Organização da Cultura/1979. Dessa feita, enaltece na prática a credibilidade, lealdade moral e intelectual contrapondo-se ao cinismo, arrogância e o esnobismo paroquial, que nada mais é do que o diabo da pavulagem.Iniciativa como esta, promovido pelo Sindicado dos jornalistas denuncia a necessidade de se aprimorar cada vez mais a pena do profissional da política, sua capacidade intelectual e desenvolvimento de sua prática criativa (ferramentas de investigação, qualificação de suas fontes), assim como clarifica também sua compreensão quanto às relações de poder, porque o jornalismo político atua onde o poder instituído se manifesta.Essa relação é tensa, verdadeiramente, e requer do profissional credibilidade e autodeterminação para superar as ciladas do jogo político do poder dominante. Assim, deixamos de escrever para satisfazer as fontes e nos afirmamos como um profissional de opinião, de armadura intelectual reconhecido.Comprova-se tal prática quando tomamos consciência de que o jornalista em seu ofício deve necessariamente organizar e interpretar os fatos a partir da “verdade efetiva das coisas”. Trata-se de uma visão estratégica, que requer análise de conjuntura pertinente e visão de futuro capaz de influir nas determinações de poder junto aos seus agentes, numa perspectiva democrática de justiça social.


Ademir Ramos é coordenador do Núcleo de Cultura e Política do Amazonas - NCPAM. Um grupo de alunos do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas que se reúne diariamente.
http://www.ncpam.com/