quinta-feira, 13 de novembro de 2008

PRÊMIO ENERGIAS NA ARTE


Estão abertas as inscrições para o Prêmio Energias na Arte. As inscrições são gratuitas, podem ser feitas até 16 de janeiro de 2009 e os interessados devem ter, no máximo, 27 anos e morar no Brasil há dois.

Idealizado para estimular a produção artística entre o público jovem e descobrir novos talentos da arte contemporânea brasileira, o prêmio é o carro-chefe do Instituto EDP Energias do Brasil no segmento de artes plásticas em parceria com o Instituto Tomie Ohtake.
Mais informações e o regulamento completo, com prazos de entrega dos trabalhos, estão disponíveis no site do Instituto Tomie Ohtake .

A premiação ocorrerá em cerimônia na abertura da exposição no dia 20 de maio de 2009.

domingo, 5 de outubro de 2008

NEM TODO BREGA É CORNO E NEM TODO CORNO É BREGA....


O Festival da Cachaça e da Rapadura, Bregareia, da belíssima cidade de Areia, na Paraíba, não deixa dúvida alguma de que se trata de um dos maiores eventos do estado, que reúne milhares de pessoas que ao mesmo tempo em que visitam a cidade para viver o Festival também aproveitam para curtir aquele frio de lascar beiços, e aí só mesmo tomando uma lapada da maldita pra encarar a noite recheada de pessoas vestidas a caráter. Meu amigo jornalista e escritor Pereira Nascimento não perde uma só edição e já é figura conhecida dos cantores que passam por lá. Mas, além da beleza do Festival, outro fato me chamou atenção. Lendo a programação musical deste ano percebi que, não tem nada ou quase nada de brega nas atrações musicais, e parece que o mundo da música brega gira em torno de Reginaldo Rossi. Peraí! Vamos com calma tentar refletir nesse ponto: Se brega não é sinônimo de Corno, logo, nem todo corno é brega e nem todo brega é corno (Aurélio- Brega:Toureação - Ato de tourear; lide, toureio. Corno: Chulo Marido de adúltera; cabrão, aspudo, cervo, faz-de-conta, cornudo, chifrudo, galheiro, galhudo, cabrum, mumu.). Então, parece que estamos sendo levados pela força da mídia a um equívoco com grandes proporções de irresponsabilidade e ignorância. Veja o que diz a maior biblioteca livre do planeta: Wikipédia- Historicamente, os maiores cantores do gênero brega legítimo estão no nordeste brasileiro, sendo dois de seus maiores ícones na atualidade o pernambucano Reginaldo Rossi e o cearense Falcão, este último seguindo uma linha de brega humorístico. Viram? Por isto, a Reginaldo eu dou um desconto pelo seu jeito brega autêntico de ser mas, para Falcão, puro personagem, dou ZERO até por que o rapaz não tem musica brega. Para a Wikipédia, que foi enganada por alguém apenas lamento, pois falar de música brega sem citar Raimundo Soldado, Populares de Igarapé-Mirim, Frankito Lopes o Índio Apaixonado, Antonio Marazona, Sandrinha a Pepita dos Garimpeiros, Nonato do Cavaquinho, Berg Guerra, Abilio Farias, Adilson Ramos, Evaldo Braga, Alberto Kelly, Almir Rogério, Bartô Galeno, Carlos Alexandre, Carlos André, Carlos Santos, Wando, Waldick Soriano, Tony Damito, Angelo Maximo, Barros de Alencar, Elymar Santos, Fernando Mendes, Francis Lopes, Odair José, Nilton César, Maurício Reis, Mardonio, Lindomar Castilho, Jane & Herondy, Geraldo Nunes, Amado Batista e tantos e tantos... até mesmo gente da televisão passou pela música brega como as atrizes Elizângela, Elke Maravilha e Gretchen, a radialista Márcia Ferreira, a dançarina Rita Cadillac e até Roberta Close, teve seu momento brega assumido. O estilo brega é bonito quando feito por verdadeiros representantes do gênero, Sidney Magal é lindo mas ninguém quer chamá-lo de brega, e o que é, então? Waldick, esse sim, o representante maior nunca precisou falar de chifres e toda sua obra é o que podemos chamar de clássicos do brega. Rossi, no entanto, depois que canta Garçon, fica enrolando o resto do tempo com histórias de corno. Quem de nós haverá de negar que os solos de guitarra de Aldo Sena nada tem a ver com brega? Eu sei que devemos ultrapassar as fronteiras, até mesmo as do pensamento porém, respeitando os limites da música pop, do rock, do samba, do brega... para que não se façam confusões e para que não se percam referencias importantes como esta do brega. O Almanaque da Música Brega, de Antonio Carlos Cabrera, que me foi enviado por Sky Rodrigues, diz o seguinte: “ A linha entre o mau gosto e o brega é tênue, porém, bem definida. Dizer que a namorada o trocou por outro com rimas fáceis e palavras símples, num arranjo musical sem grandes elaborações, pode ser chamado de brega. Por outro lado, referir-se maliciosamente a alguem, utilizando-se de frases de duplo sentido, palavras de baixo calão ou temas esdrúxulos, é mau gosto. Quando o artista baixa o nível, ele fatalmente cria algo de mau gosto. Por outro lado, existem músicas com trocadilhos que conseguem permanecer longe do que se convencionou chamar de trash atualmente. Mas quem vai avaliar não é você!” Que o Festival da Cachaça e da Rapadura não perca seu brilho jamais, apenas seus produtores precisam mantê-lo autêntico para que seja melhor e maior a cada edição e, que possam promover palestras sobre a propria festa, os artistas sobre o gênero musical e os usineiros sobre seus produtos derivados da cana, teremos então um evento completo, digno de mídia nacional e internacional pois consolidado já está.



Nilson Sótero
(nilsonsotero2@hotmail.com)

Caricatura: Elvis

terça-feira, 2 de setembro de 2008

CAPITAL BRASILEIRA DA CULTURA - 2009


A cidade de São Luís (MA) foi escolhida a Capital Brasileira da Cultura 2009, informou hoje, na Espanha, o Birô Internacional de Capitais Culturais.

A organização divulgou um comunicado no qual explica que São Luís foi escolhida por um júri constituído por representantes dos Ministérios da Cultura e de Turismo do Brasil, de anteriores capitais culturais e do próprio birô.

As outras cidades candidatas a esta nomeação eram Areia (PB), Mariana (MG), Montenegro (RS) e Senador Pompeu (CE).

São Luís, cidade fundada pelos franceses em 1612, com uma população de 1 milhão de habitantes, tem um centro histórico declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1997.

Também já foram Capital Brasileira da Cultura as cidades de Olinda (PE), em 2006, São João del Rei (MG), em 2007, e Caxias do Sul (RS), este ano.

Fonte: uol.com.br

terça-feira, 26 de agosto de 2008

LIPO - ASPIRAÇÃO .????


Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada , nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pelo estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?

Uma coisa é saúde, outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião é dieta. Fé só na estética. Ritual é malhação.

Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.

Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode. Envelhecer, não!

Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.

A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada que não seja a imagem, imagem, imagem, imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.

Não importa o outro, o coletivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal. Caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas...

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas, bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser.

Que as pessoas discutam o assunto, que alguém acorde, que o mundo mude.

Que eu me acalme, que o amor sobreviva.

Cuide bem do seu amor, seja quem for...

Herbert Vianna

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MELHOR ASSIM

Por Ronaldo Monte
Poeta e escritor
Talvez eu não fosse este homem
se ao chegar numa esquina da vida
tivesse dobrado para o outro lado.
Não sei se o caminho que fiz
foi o melhor, o menos árduo.
Não sei que outro homem seria
se fossem outras as ruas,
outras as pessoas,
fossem outros os bares e igrejas
em que rocei meu corpo e minha alma.
Mas eu prefiro assim,
esse um e não outro.
Prefiro assim,
essas marcas
e esse andar um pouco penso.
Prefiro estas mãos ansiosas
que estalam por si mesmas,
essa miopia de infância,
esse joelho inseguro.
Eu prefiro essa história
feita de encruzilhadas
em que me encontro
a cada vez
atônito
e só.


Foto: Ana Patrícia

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A ARTE DE SER FELIZ





Cecília Meireles





Houve um tempo em que minha janela


se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.


Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.


Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.


E eu olhava para as plantas, para o homem,


para as gotas de água que caíam de seus dedos magros


e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.


Outras vezes encontro nuvens espessas.


Avisto crianças que vão para a escola.


Pardais que pulam pelo muro.


Gatos que abrem e fecham os olhos,


sonhando com pardais.


Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem


personagens de Lope de Vega.


Ás vezes, um galo canta.


Às vezes, um avião passa.


Tudo está certo, no seu lugar,


cumprindo o seu destino.


E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,


que estão diante de cada janela,


uns dizem que essas coisas não existem,


outros que só existem diante das minhas janelas,


e outros, finalmente,


que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

PARA VOCÊ O ÍDOLOS É SÉRIO, PARA O POLÍGRAFO MENTE






Por Nilson Sótero


Respeitável público! Vai começar ou melhor, recomeçar o melhor programa de humor na televisão brasileira, agora na Rede Record. ÍDOLOS, o programa mais engraçado que Zorra Total, também qualquer programinha é melhor que o Zorra Total, ou não? ÍDOLOS, vem travestido de programa sério cujo objetivo é revelar um novo ídolo da música brasileira. Já passou pelo SBT, onde não revelou ninguém e agora estréia na TV do bispo. Mas nem tudo dá errado em ÍDOLOS, os jurados até que se dão bem na parada ganhando projeção nacional, como será o caso de Paula Lima, cantora desconhecida e fracassada que ninguém sabe se tem cacife para julgar alguém. Sei que com ela o Brasil não quis conversa até agora. Mas a decadência da TV aberta é mesmo uma realidade, na Record, então, minha nossa! O Programa da Tarde é outro humorístico onde a apresentadora vai exibindo e contando as pegadinhas e gargalhando uma gargalhada insuportável, na BAND, outra apresentadora diz na maior cara-de-pau que você é mentiroso e só quem fala a verdade é o tal do POLÍGRAFO, não sei porque as polícias não compram um POLÍGRAFO! Ali ninguém mente, não tem boquinha não! Mas, voltemos ao ÍDOLOS: Programa que procura um novo astro ou estrela da música brasileira, pelo menos é melhor que o Forrofest, festival de forró da Paraíba, e as dezenas de festivais promovidos pelo SESC em todo o Brasil, que também não revelam e nem projetam coisa alguma, ora, se querem um novo ídolo ele está aí, tem ídolos por toda parte é só querer! Não estamos vivendo uma crise de ídolos mas de bons produtores, de falta de investimentos no novo ídolo, precisamos de produtores com menos fome de dinheiro e mais fome de qualidade, que acredite no resultado do investimento em médio prazo. ÍDOLOS não vai revelar ídolo, não projetou e nem vai projetar ninguém, por lá não vai passar nenhum grande talento por que o programa não tem esse objetivo real, é uma brincadeira para descontrair o telespectador como eu, que gosta de dar boas gargalhadas à custas daqueles que não tem vergonha de pagar mico. Vou assistir ÍDOLOS, é tão bom quanto Pica-Pau e Leôncio, tenho certeza que nesse ponto o POLÍGRAFO vai dizer em palavras verde que é VERDADEIRO.


Divulgador Cultural

nilsonsotero2@hotmail.com

sábado, 16 de agosto de 2008

HOJE TEM FESTA NO CÉU



Por Sky Rodrigues



Como traduzir o sentimento diante da morte daquele que melhor cantou as coisas do Brasil?

Estamos mais tristes e mais órfãos pois uma das grandes referências da poesia musical brasileira se foi.

Quem melhor que Dorival Caymmi pra cantar a Bahia?

Pra falar de jeito brasileiro de viver?

O baiano faceiro só queria saber do mar.

Sereno e tranqüilo esperou a morte chegar com a calma de um pescador.


Brasil, país de tantas belezas...

do futebol, da cerveja..

Brasil de Dorival Caymmi

Da loira, da "nega..."

Das praias que ele cantava..

Do Senhor do Bonfim..

Do mar que ele adorava..

Da água de côco..

Dos sambas que ele criava..

Caymmi, cadê você?



“...O marinheiro bonito saiu pra pescar e não voltou..

Sereia do mar levou..” (trecho da música É Doce Morrer no Mar)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

QUEM VEM PRIMEIRO?


Por Sky Rodrigues


Não há como contestar que a Bossa Nova foi um divisor de águas na história da música brasileira. Os papas que construíram esse movimento têm nome garantido na galeria mais importante do cenário musical.

Cinqüenta anos depois, estamos vivenciando homenagens, shows, tributos, etc. Mas tem um certo senhor, discretíssimo, que passa o dia inteiro trancado em casa, não recebe ninguém, não dá entrevistas, que está, me desculpem o termo, cagando e andando pra tudo isso.

Recentemente, a folha lançou uma coletânea com a história da Bossa e a obra das principais figuras que viveram esse período: Tom Jobim, Roberto Menescal, Nara Leão, Vinícius e muitos outros estão lá, menos o todo poderoso João Gilberto.

Os shows realizados pelo mundo têm preço muito acima da média (não estou discutindo preço pois a boa produção é cara mesmo), quem pode pagar vai. Mas, não adianta reclamar do calor, porque o homem manda desligar todos os aparelhos de ar refrigerado, a platéia tem que ficar quietinha senão o show pára. ah! E aquela luz está muito forte no rosto do senhor JG (apague por favor..) Os operadores de PA e monitor, coitados, rezem o Salmo 90 antes de começar o evento.

Em São Paulo, os ingressos, que custavam 360 reais (preço oficial) se esgotaram em 3 horas (teve gente que pagou 1 mil por ingresso ao cambista). E ele até estava "bonzinho" pois não reclamou do toque de um celular e do som de abertura do sistema windows que escapou para a platéia em uma falha do som. Deus abençoe o humor desse homem, (acho que os operadores rezaram o Salmo). Ou então o motivo são os dois milhões que o nosso gênio vai embolsar com a mini turnê que acontece no RJ e SP pelo projeto Itaú Brasil em comemoração à Bossa Nova. Hum... ta explicado

Nossa estrela chegou com 1 hora e meia de atraso.

Tudo bem, ele pediu desculpas ao público dizendo que isso quase nunca acontece.


E ali estavam todos absolutamente entorpecidos e “comportados” diante da grandiosidade daquele que criou a Bossa Nova.

Como se explica isso?

Por favor, nos ajude a descobrir o que aconteceu com o público que mais parece hipnotizado pelo bôto. (ainda bem que o show não foi aqui no Amazonas, senão...)

Ora, paciência meu nêgo!

Ainda acho que a grande estrela é quem vai ao show, compra o cd, baixa a música na internet e faz a festa. Quando esse público começa a se tornar refém do ego de homens como o Sr. João Gilberto, significa que a obra perde o valor real e se torna coadjuvante diante da frescurite do artista.

Quem vem primeiro? A obra ou o criador?

Com todo o respeito, o sr. JG pode voltar pra casa e desfrutar da tranquilidade que lhe é de direito.

Apesar de sua ausência, vamos continuar vivendo e ouvindo bossa.

Como diria Cazuza: O tempo não pára!

sábado, 26 de julho de 2008

CENA URBANA



Por Sandro Abecassis



Flagrei um caminhão de mudança bem tradicional, com os estrados de cama, guarda-roupa, colchões, geladeira, o povo todo em cima e o mais engraçado o cachorro da família no meio de todo esse furdunço. Parecia um Leão da montanha, potente, latindo para os carros que passavam e os donos comendo bananas em cima de caixas e mais caixas de tudo que é treco.Os tempos modernos vez ou outra se confundem na periferia, e na própria mágica dos centros urbanos, os carros luxuosos que só faltam andar sozinhos e ao lado um velho caminhão de mudança transportando pessoas e sonhos pra outro lugar. Quem são essas pessoas? O que fazem? Pra onde vão? De onde vem? Será que alguém se pergunta também? Bom, não sei, mas são pessoas como qualquer outra, só muda a embalagem, o caminhão, o cachorro, o colchão, as bananas que talvez não sejam bananas e os sonhos que às vezes vão além da realidade


Sandro Abecassis - Publicitário e Músico

visite: sandromarceloabecassis.blogspot.com


quarta-feira, 23 de julho de 2008

VIAGEM INSÓLITA DE UM CABOCLO



Por Sky Rodrigues



O cd "Divina Comédia Cabocla" com composições de Nícolas Jr. e Aldísio Filgueiras e ainda Joaquim Marinho narrando alguns "causos" é simplesmente um sarro!
O bom humor nas letras, a participação da platéia e a interpretação de Nícolas são impagáveis.
Separei a letra de uma das faixas mais tocadas no programa Mesa de Bar da Amazonas Fm.


Viagem insólita de um caboclo
Nícolas Jr. ( do cd Divina Comédia Cabocla - ao vivo)

Um certo dia fui fazer uma viagem
Lá pras bandas do sudeste
Conhecer nova paisagem
Pedi dormida na casa dum primo meu

Que eu não via há muito tempo
E ele então me acolheu
Já foi dizendo corte logo esse cabelo
Que tu veio lá do mato
Deve ter malária ou dengue Escondida aí nesse pelo
Ou então uma sucuri Enrolada aí pelo meio
Aqui tem carro e metrô pra todo lado
Por isso não vá pra rua

Pra não ser atropelado

Me apresentou uma mulher meio fechada

Disse que era sua esposa e de família abastada
Já foi falando a casa tem oito quartos
Duas salas de estar
E um tal de home teatro

Essa cozinha é bem maior que o seu barraco
E isso aqui é uma geladeira, um produto muito caro

E pegou a perguntar
Como estavam os canibais

Se ainda tinha muita onça andando pela cidade

Perguntou se eu tinha vindo de canoa ou de cipó

Se eu trazia alguma flecha pra mostrar pra sociedade
Chamou e disse
:
Essa aqui é minha piscina
Tem 40 de largura por 70 de lonjura

É a maior da redondeza
Tem mais 8 de fundura

Ela é grande ou não é?

Olhe meu primo
Realmente ela é pequena
A piscina lá de casa
É que é demais já muito grande
Fica até dificultoso pros menino tuma banho
A bicha mede 3 km de largura
Ela nasce no Peru e vai bater no Oceano
Mas veja primo o progresso aqui é grande

A ciência é avançada coisa de 1º mundo
Um dia desses comecei a passar mal
Fui bater no hospital com a morte já no prumo
Eles tiraram meu coração cansado
Colocaram um de plástico, fiquei mais fortificado

Depois pegaram o coração defeituoso
Trocaram umas veias velhas, hoje bate noutro moço
Olhe meu primo isso num me causa espanto

Eu tava ralando mandioca cê sabe
Um trabalho e tanto E o meu dedo entrou no triturador
O bicho esfarelou e misturou-se com a massa
E o doutor então pegou aquela massa
Moldou o dedo de novo
Olhe só como ficou
Mas essa terra é o centro do Brasil

Coisas que tu nunca viu E nunca verá por lá
E desafio qualquer um a perguntar
Se não tiver por aqui

Não tem em nenhum lugar
Na sua terra tem pupunha ?
- Não senhor.
Tem umas tapioquinha com uns bejuzinho do lado?

Umas mandioquinha cuzida,com manteiga derretida
Um tambaquizão assado com limão e um pirãozinho tem? -Não senhor
Umas morena bem corada
Da cara arredondada

Uns muntueiro de perna
E a bundona arrebitada tem? -Não senhor
Tem Pereira, tem Cileno Torrinho, Chico da Silva
Tem semáforo no shoppinhg

O pedestre anda nas ruas

Os busão bem geladinhos tem?
Tem um certo Amazonino que governa há vinte anos

E vai governar mais trinta se bobearem pro mano,tem? -Não senhor
Por aqui tem boi bumbá
Umas canoas atravessando

Paga pra estacionar
Ultrapassa pela direita Mesmo com os guarda olhando tem? -Não senhor
Eu quero ir pra lá

Então meu primo

Venda toda essa tranqueira
Aproveite e dê de brinde
Sua mulher e a geladeira
Pois lá num tem serventia
Tudo é feito na hora
Não se guarda pra outro dia
E a comida é de primeira
Já as mulheres tem um sabor diferente

Tomam sol todos os dias
São coradas que nem jambo

São belas por natureza

E fervem mais que café quente
E vou dizer mais uma coisa

Isso muito me convém
Eu não troco essa Amazônia

Por sudeste de ninguém

domingo, 20 de julho de 2008

NO MUNDO DA TERCEIRIZAÇÃO



Por Sky Rodrigues

Quando iniciei a carreira de radialista, bem no início dos anos 90, o rádio tinha uma certa magia que me cativou instantaneamente. Não eram só os “vozeirões” dos locutores que me deixavam curiosa e com muita vontade de entrar naquele “mundo mágico”, mas o todo, músicas, vinhetas, as festas, tudinho!

Mesmo possuindo uma certa experiência na música como cantora, minha relação com o rádio ainda traria muitas surpresas.

Foi tudo muito rápido. De repente eu estava ali na recepção aguardando a hora de entrar na sala do coordenador da emissora. De tanto que insisti ele não teve como evitar o encontro, mas foi direto ao assunto:

___ “Olha querida, aqui não trabalhamos com estagiários. Nosso quadro de locutores está completo. Aliás, temos os melhores do mercado...”

Era verdade. Ou quase que totalmente verdade. Acho que a sorte aliada à minha total incapacidade de aceitar não como resposta foi o que fez com que 2 meses depois eu estivesse operando com toda “segurança” e empolgação de uma estagiária. Mas eu apenas operava, não falava absolutamente nada... nem a hora.

Em uma dessas tardes rotineiras lá estava eu “operando” quando o coordenador saiu com essa:

___ “Sky, amanhã você começa no ar.”

Dá pra imaginar a minha cara de susto?

Naquela época, as emissoras normalmente trabalhavam com uma só locutora e os demais eram os queridinhos da mulherada.

Era tudo muito redondinho. Programação 24 horas, segmentada, éramos treinados pra falar na introdução das músicas e ninguém entrava no “game” sem o tal DRT. Eu acabei me acostumando com esse modelo e talvez por isso, não compreenda facilmente como hoje em dia basta comprar um espaço na rádio e pronto, o cara entra no ar, fala o que quer, do jeito que quer e vira locutor da noite pro dia.

Nem estou colocando a questão acadêmica, pois sei perfeitamente que talento não se aprende em sala de aula, mas existem algumas técnicas que são necessárias para um bom desempenho na locução e isso só a experiência e a busca pelo aperfeiçoamento conseguem trazer.

Tudo bem, a terceirização parece mesmo ser o modelo mais interessante comercialmente falando e as rádios não vivem só de métrica, mas o negócio está ficando bagunçado demais! Cada emissora monta sua estratégia de programação de acordo com interesses, que em alguns casos, vão muito além do simples: INFORMAR, ENTRETER E EDUCAR.

Acredito em um rádio mais interativo com a internet e outras ferramentas, buscando aproximar-se ao máximo dos interesses do ouvinte. A linguagem mudou e a pessoa do outro lado quer ter a sensação de exclusividade.

Por isso precisamos de gente preparada, para atuar na profissão. Somos formadores de opinião, portanto, temos enorme responsabilidade com o que dizemos e de como agimos.

Usemos o veículo de maneira mais digna.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

JOÃO GILBERTO CONTINUA O MAIS VALORIZADO DO BRASIL


Por Nilson Sótero
Agente Cultural em João Pessoa

Um dos principais nomes da bossa nova (ao lado de Tom Jobim e Vinícius de Moraes), João Gilberto, volta a tocar no Brasil nas comemorações pelos 50 anos do gênero que revolucionou a história da música brasileira. O papa da Bossa Nova fará quatro shows, dois em São Paulo, um no rio de Janeiro e um em Salvador. Os fãs da bossa e de João Gilberto terão que pagar até R$ 2.100 para ver o mito de perto. Os ingressos para os shows em São Paulo serão colocados à venda a partir de 5 de agosto. Os bilhetes para a apresentação no Rio de Janeiro poderão se comprados do dia 14 de agosto em diante. Em Salvador, as vendas começam dia 26 de agosto. João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira, baiano de Juazeiro, nascido aos 10 de junho de 1931, é considerado o criador do ritmo bossa nova. João Gilberto ainda é o maior ganhador brasileiro de Grammy, o Oscar da música, sendo que nunca foi receber “unzinho” sequer, talvez por sua excentricidade, perfeccionismo ou por sua vida reclusa. Histórias curiosas cercam o ídolo, com a famosa “Lenda da Elba Baralho”, contam que numa certa madrugada Elba Ramalho recebeu um telefonema de João, que a convidou para jogar baralho, Elba, pra não perder a grande oportunidade de estar ao lado de João Gilberto atendeu imediatamente, parou em uma banca de revistas e comprou um baralho, chegou ao flat onde mora João, bateu à porta e o mito perguntou quem era, Elba então respondeu com sua voz estridente, como se fosse um fantasma de criança com frio: Sou eu, João, e trouxe o baralho. Ok, respondeu o papa, então vamos começar o jogo! Vamos João mas, eu estou do lado de fora. Ah, passe as cartas por debaixo da porta! E assim jogaram até amanhecer o dia. Eu gosto muito do João Gilberto, leio muito sobre o cantor pois sua trajetória me fascina e espero que as bandas de plástico não ousem jamais, tocar em um só acorde deste que é o único cantor vivo, com uma música ha mais de 40 anos como a segunda mais executada no mundo. Parabéns a Bossa Nova e Viva João Gilberto. Alguns dos mais importantes trabalhos de João Gilberto: Chega de Saudade (1959), Getz/Gilberto (1964), Getz/Gilberto (1965), João Gilberto en México (1970), The Best of Two Worlds (1976), Live at the 19th Montreux Jazz Festival - ao vivo (1986), Live at Umbria Jazz (1996), In Tokyo - ao vivo (2004).

quinta-feira, 10 de julho de 2008

UM SARAU NA FLORESTA



Por Sérgio Luiz Gadini
Jornalista, professor/doutor na Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde atua no curso de jornalismo e no programa de Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas.


Reunir sons naturais, textos poéticos e acordes musicais com ritmos que ressoam em nossos beiradões, no desejo de registrar os sonhos e o jeito simples de ser das pessoas que habitam as margens esquecidas dos rios da Amazônia. Este é a proposta do CD Sarau na Floresta, do músico, poeta e compositor amazonense Celdo Braga.
Na primeira faixa, a introdução deixa bem claro o objetivo do álbum. Daí em diante, sons da mata se misturam com declamações poéticas – da própria autoria de Braga – e sons instrumentais, que simulam cantos de pássaros, a descrição de experiências da Grande Amazônia, além de homenagens e lembranças da vida humana na Região.
E o que mais se pode ouvir no Sarau da Floresta? Na segunda faixa, por exemplo, pode-se ouvir o som do vento... soprando, nas matas! Na sexta faixa, Braga apresenta o canto do Uru que, na sutil apresentação, se sobrepõe ao som dos instrumentos musicais. Na seqüência, o CD traz sons que simulam movimentos e a vida na mata, como na música “Curupira e o caçador”, onde os instrumentos produzem um “efeito de sapopema” e de uma caminhada na mata. Já na faixa 11, o som do “macaco Prego” reporta o pensamento do amante da música para o grito animal no interior da mata.
Várias faixas são compostas apenas de poesias, somente na voz do próprio autor e compositor, como a 4 (“Farinha”), 7 (“O caboclo e a canoa”), 8 (“Do fundo da cuia”), 9 (“Contexto de Pau”), 11 (“A planta sabe”) e a última (16), “Chico Mendes: silêncio em prece”. As poesias revelam um pouco da sensibilidade do poeta (que também é autor de vários livros, entre os quais “Água e farinha”, já em sua 3ª edição, publicado em 2001):

“São mãos calejadas, na lavra dos sonhos
Coivaras, brocados, em meio ao carvão.
No ventre da roça se assanha a maniva
Milagre da lenda na trama do chão”.

Entre poesias, ritmos instrumentais e músicas, Sarau na Floresta registra 43 minutos de gravação, que encantam pela sutileza, simplicidade e criatividade no modo de apresentar o que o CD indica como “modos de ser” dos moradores ribeirinhos da Amazônia.
O que chama a atenção em Sarau na Floresta é a variação de sons, resultado de combinações e experimentos que envolvem diversos instrumentos musicais, não tão habituais em grupos folclóricos, tais como o Cuatro Venezuelano, a Marimba (teclado), kalimba, xeque, djambê, escaleta, dentre outros. Isso, claro, sempre marcado pela presença de sons, efeitos, pios de pássaros e cantos de animais, que remetem a um mundo mágico da vida da mata nativa.

Mas quem é Celdo Braga?
Amazonense, natural de Benjamin Constant, é graduado em Letras (pela PUC-RS). Foi no Rio Grande do Sul que passou a mixar variações de diferentes gêneros musicais, como a nativista gaúcha, com algumas expressões da musicalidade própria do Amazonas. Braga também foi um dos fundadores do Grupo Raízes Caboclas que, em 2007, percorreu diversas cidades do Brasil, com apresentações artísticas pelo Projeto itinerante Sonora Brasil, promovido pelo Serviço Social do Comércio (SESC), que anualmente seleciona diferentes grupos musicais das mais diversas regiões do Brasil, para realizar uma turnê com apresentações em inúmeras cidades do País. Foi, diga-se de passagem, nesta passagem que o CD de Braga se tornou conhecido, durante um show de aproximadamente 60 minutos, realizado em na entrada da Primavera de 2007, nos Campos Gerais do Paraná (Ponta Grossa, 21/09/2007, numa noite de sexta-feira).
É claro que se algum desavisado espera encontrar agitação e som pesado em Sarau na Floresta escolheu o CD ‘errado’. Mas, certamente, para qualquer amante da música, que envolve experimentação instrumental, combinações ousadas e a tentativa de representar sons da mata nativa, vai encontrar no disco de Celdo Braga um produto cultural que encanta, do início ao fim, seja pela simplicidade, quanto pela leveza que os instrumentos musicais conseguem produzir. Celdo Braga retrata alguns dos encantos musicais das ‘margens esquecidas’ da Amazônia.
E o que mais chama atenção em Sarau na Floresta? A homenagem a um dos seringueiros mais conhecidos da Amazônia no mundo – Chico Mendes, assassinado em 1988, depois de travar muitas lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores nos seringais – encerra o Sarau na Floresta:


“Luz de poronga se apaga
Silêncio no seringal
Coração – tambor do tempo
Cala o sonho e o ideal.
O sol mingua claridade
Toda a floresta escurece.
No céu da grande Amazônia
Chico Mendes se faz prece.
Prece para refletir
Prece pra gente rezar.
Semente de sonho e vida
E a vida vai germinar.
Viva a Amazônia e o povo
Que Chico quis libertar”

Enfim, trata-se de um produto musical, que vale conferir! Afinal, é um CD que retrata situações típicas, com sons próprios, da vida na mata, com todos os seus encantos e ideais... que, muitas vezes, na forma como estão apresentados, só a música consegue mostrar.
A expressão de traços culturais da Grande Amazônia chega vai, para além dos rios e matas da Região, através de um produto de mídia, na forma de um CD... possibilitando que outros amantes, estudiosos ou meros simpatizantes da cultura popular também possam usufruir de alguns encantos da natureza humana, reproduzida no bem cultural.

Informações:
www.celdobraga.com.br - celdobraga@kintaw.com.br



terça-feira, 1 de julho de 2008

VOTAR OU NÃO ? - DISCUSSÕES CIBERNÉTICAS...



Enquanto isso.... Ivaldo Gomes (pernambucano, professor e escritor em João Pessoa) manda um e-mail para um amigo em São Paulo.

“...Montada a farsa dos 'acordos políticos' e das eleições, candidatos a postos, decisões tomadas à portas fechadas e na ausência do interesse do povo e da maioria da população ; agora vamos atrás dos bestas dos eleitores e contribuintes para legitimar tudo que foi feito por trás das portas. Que interesses foram acertados? Ninguém sabe. Mas com certeza, lhe digo sem medo de errar, em TODOS os acordos, ficou acordado que o povo vai pagar a conta. Se der certo ou der errado.

É por isso que seu voto e seu imposto é importante para construir de verdade uma democracia. Exija que se rediscuta suas funções. Pois uma democracia não se constrói de verdade com politiqueiros fazendo acordos secretos para o povo cumprir - só suprir os fundos - com tantos impostos extorsivos. Existe política além do voto. E com certeza não é dessa política que estamos falando aqui. Pois o que se faz hoje em termos de política é politicalha. Que é uma coisa muito diferente do termo política (para todos).

Politicalha é a forma de fazer discursos e práticas em torno do que poderia ser a política, com interesses muito pessoais ou no máximo de grupos. O que torna o exercício da atividade um mero 'que fazer' de castas e grupos que assim que assumem o tal poder, começam a oprimir a maioria com seus privilégios e falcatruas.

Estamos também começando a nossa 'campanha eleitoral' nesse dia de hoje. Campanha de esclarecimento público, do que se passa verdadeiramente por aqui.
Chega de enganação...”


Pedro Osmar, artista multimídia paraibano que mora em São Paulo, responde:


Ivaldo, mais uma vez eu afirmo: SE O VOTO É UMA ARMA, ATIRE PARA MATAR!

"Antes arte do que tarde!".


A Democracia que eles criaram não é a democracia que nós sonhamos, agimos e elaboramos enquanto coletivo, enquanto povo!
Os interesses estarão sempre contraditórios, o povo indo para um lado (com ou sem armas na mão) e a elite indo cínicamente para outro. Esta é a sociedade que criaram pra gente viver. E esse modelo não vem de agora mas de muitos séculos atrás, quando a barbárie mandava e desmandava e foi preciso se criar uma "mordaça" institucional para conter os "abusos de poder" de uma população que reclamava e queria melhores condições de vida, se expressando em seus quebra-quebras .

No entanto, hoje só "eles" abusam! Só "eles" definem o que querem, como querem e quando querem! E a isso dão o nome de democracia burguesa!
Mas que democracia é essa? A democracia capitalista? E que democracia queremos implantar? A democracia socialista e comunista? Ou nenhuma democracia? talvez um outro tipo de procedimento político que venha resolver as graves questões sociais que nos abatem...e que as elites sequer imaginam como resolver...
Não sabemos, não é Ivaldo? Nos perdemos pelo meio do caminho da social-democracia como mais uma fórmula de fazer os contrários conviverem...devidamente domesticados e atraiçoados!

Se há alguma saída política (e não apenas pessoal, individualista e particular), esta saída pode estar...na educação, na formação de indivíduos conscientes de seu papel de agentes transformadores, dentro e fora das universidades, dentro e cada vez mais profundamente dentro dos bairros, e assim criar novos quadros politizados, num projeto/processo de vida adiante...com ou sem partidos...
Aliás, conhecemos essa história como a palma da mão, não é Ivaldo? Pois é, desde Paulo Freire que tem gente séria preocupada com as saídas políticas para a democracia! A partir da educação politizada, da arte comprometida com mudanças, com a minha e a tua vida (como diria o poeta amazonense Thiago de Melo), de uma cultura voltada para os grandes questionamentos sociais que vasculham o passado, o presente e o futuro em busca de soluções coletivizadas, descentralizadas, socializadas, popularizadas...e a isto chamando de CIDADANIA, que é a capacidade de nos moblizarmos para pensar e agir mudanças e transformações, algo que temos tentado exercer com as forças comunitárias que ainda nos restam, com algum sucesso (nem tudo está perdido!). Só que precisamos sair de nossos gabinetes! Ir pro bairro, ir pra rua! Mas numa atividade constante, permanente, diária, de educação popular nos bairros!

Mas eleição, Ivaldo, é outro papo! É quando a desigualdade social se mostra mais fraturada e doente, mais contraditória e atrasada, já que as forças que constroem esse espaço político estão minadas (nunca saberemos onde pisar...), e como é uma obrigatoriedade, temos que cumprir então essa parte que nos cabe dentro do latifúndio e, Votar!
E o voto sendo uma arma, atirando valores que possam extirpar, de alguma forma, a canalhice dos poderosos que fundamentam, enfim, a cara e o caráter desta sociedade burguesa que somos obrigados a apoiar para sobreviver. Não é sério, isso? esse formato...essa obrigatoriedade...e não há outra saída! Votar nulo não é a saída!
É preciso que tenhamos uma outra atitude diante do problema e discutir isso com a população em debates educativos permanentes.
Ou assumimos como nossa essa possibilidade de democracia "construída em bases populares", ou votar nulo será mera omissão de pessoas que não tem qualquer responsabilidade com os rumos de afirmação dos valores que nos levem a um futuro mais seguro. Somos nós e depende de nós a construção desse futuro mais democrático e popular, e infelizmente não temos tido preparo e tino para fazer diferente, de uma maneira tal que resulte nesses "novos rumos" e não apenas na repetição dos equívocos graves que temos presenciado nas esquerdas que participamos, esteja ela agindo e atuando concretamente nos bairros ou não, esteja ela com armas e lucidez na mão, ou não.

O que fazer, Ivaldo? Votar ou não votar?
Deixar isso pra lá e tirar férias como se não tivéssemos nada a ver com isso? É preciso ter cuidado, hoje eu compreendo. É preciso ter cuidado pois o futuro das novas gerações (nossos filhos, nossos netos) depende do que fizermos agora, com os pés no chão e a cabeça no lugar, pensando coisas novas e boas e produzindo novos conhecimentos para essa Universidade Popular que é a cidade, que são as cidades! Não adianta ficar com o papo furado de que "não tem mais jeito", "que ninguém vai consertar mais isso". Tudo depende da gente Ivaldo, da atitude que tomarmos agora, para dialogar com a realidade em pé de igualdade. E temos que partir mesmo é do bairro onde moramos! A mobilização começa em casa, com os filhos, com a esposa, com as famílias, com os vizinhos, com o pessoal da rua, dos quarteirões, e o ano todo! Com ou sem eleições! O tempo não pára, a vida não pára!

Fazer política é uma arte! Com ou sem armas na mão! Se as FARCS (exército popular) resistem até hoje, não é por mera brincadeira de desocupados. Hoje, mais do que nunca, devemos dar "vivas" ao Raul Reyes e ao Manuel Marulanda! pela experiência e tentativas de participar da democracia sem armas (via partidos políticos e presença no processo eleitoral e parlamento da Colômbia) e com armas, numa vigília constante nos acampamentos nas selvas colombianas.
O que dizer mais sobre democracia, se não que é a única saída de afirmação coletiva que temos? É assim que sempre vi e continuo vendo: a democracia popular dos bairros como resposta politizada para os impasses criados pelas "elites bandidas", elites facínoras, que buscam confundir o povo e as populações na hora que tem de decidir o futuro de suas cidades, o futuro político das novas gerações, pelo voto ou pelas armas (e isso nada tem a ver com os bandidos que estão nos morros traficando ). É outra atitude, severa, responsável e abrangente, dialogante com seu tempo!

Pois é, Ivaldo, vamos pensar melhor e nas próximas eleições em vez de estarmos fora do processo eleitoral, criticando o processo partidário, processo parlamentar, nos preparar para sermos candidatos e encarar de frente essa batalha de ocupar as cadeiras de um parlamento que deve ser trabalhado no sentido de ser cada vez mais popular e democrático, socialista. Afinal, nós vamos ficar reclamando pelas esquinas e barzinhos até quando? Nós temos que tomar uma atitude! Criar uma campanha de filiação de pessoas comprometidas com mudanças e com um passado de luta, e investir nelas para participar de um possível bloco popular dentro dos partidos ditos de esquerda! ou os partidos que historicamente vêm tentando elevar a sua voz e participação no meio popular. Enfim, esta é a questão que deve estar posta nas eleições 2008 visando as próximas eleições!

O resto é besteira!



quinta-feira, 26 de junho de 2008

AMOR É.... BOSSA NOVA

Por Sky Rodrigues


Nos anos 30 um certo senhor chamado Noel Rosa, fala pela primeira vez em “Bossa”, num samba chamado “Coisas Nossas” O samba, a prontidão/e outras bossas,/são nossas coisas(...). Mas em 58 é que nomes como João Gilberto, Tom Jobim, Luiz Bonfá e Vinícius de Moraes viraram uma espécie de símbolo nacional do gênero.
A Bossa nasce como o movimento de um grupo de compositores emergentes que se reunía na casa de Nara Leão. Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli entre outros faziam parte desse grupo que se apresentava em shows nas universidades .
Ao contrário do que se falou muito a Bossa Nova não foi apenas um jeito diferente de cantar e tocar samba. Foi uma revolução musical e sócio-cultural que mexeu com a cabeça de meio mundo.
As capas de cds super coloridas davam lugar a figuras geométricas e abstratas que simbolizavam muito bem o pensamento daquela geração.
Cinqüenta anos depois, a Bossa Nova continua sendo referência pra muita gente, não só no Brasil. O movimento inspirou tendências que vêm imprimindo sua marca na cena musical mundial: Drum’n Bossa, Bossa’n Roll, e tantas outras bossas estão ecoando por aí....ainda bem.
Pra comemorar os 50 anos da Bossa Nova, uma “Cuba-libre, um banquinho e um violão!
E mais!
O show Amor é... Bossa Nova, com Lívia Mendes e convidados para uma platéia que encheu o teatro Amazonas. Público concentrado e ao mesmo tempo entorpecido pelo clima da noite.
No palco, além dos músicos que tocaram com maestria seus respectivos instrumentos, uma mesa onde está Norma Araújo bebericando e contando as histórias do tempo em que aquela turma se reunia pra tocar e cantar o novo ritmo. Tinha também um senhor (que bem podia ser João Gilberto) com o violão na mão dedilhando clássicos.. tudo conspirava para vivenciarmos as mesmas emoções de uma geração que marcou pra sempre a história da nossa música.
Emoção e Mágica com Bossa Nova.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

SEM PIRES NA MÃO...

Divulgar o trabalho de gente da região é uma missão deste espaço. Mas, é bom deixar claro, que têm muitos "artistas" por aí dizendo que é obrigação da imprensa, da mídia, mostrar e valorizar "a prata da casa".
Ora, vamos concordar que a acomodação sempre foi o grande abismo que separou, ele, o artista, da linha de chegada.
Entre um show e outro, lá estava o ser reclamando da falta de patrocínio, das inúmeras dificuldades, que afinal, são normais, pois o mercado cresce, a concorrência é implacável.
A regra é a seguinte: quem vai atrás tem mais chances.
Acomodar-se em berço esplêndido esperando o apoio do poder público é o pior vício que um artista não comprometido com sua arte pode ter.
Então, aqui no Club da Cultura, vamos abrir espaço pra quem quer entrar na briga e buscar o alcance de metas, com planejamento, organização e acima de tudo com ética.
O endereço é: clubdacultura@gmail.com
MYTHOS
Neste sábado, dia 28, o grupo de rock Mythos embarca para São Paulo para participar de um duplo lançamento: o vol 2 da coletânea independente GRC Rock e o pré-laçamento de Círculos, o mais recente trabalho da banda.
Ambos foram produzidos pela GRC Music Produções Artísticas e serão lançados pelo selo independente paulistano XQuality.
Além do duplo lançamento, o grupo fará entrevistas em emissoras de rádio da capital paulista e serão sorteados cd´s, dvd´s com os quatro clipes gravados pelo grupo.
Com uma safra de novíssimas composições e o resgate de outras duas remanescentes do início da formação do grupo, o cd revela um cuidado especial nos arranjos e um amadurecimento vocal ainda não visto nos trabalhos da Mithos.
O ponto forte deste trabalho consiste em evoluir nos resultados de produção do cd.
O lançamento oficial em Manaus está previsto para julho quando, enfim, o grupo retorna à Manaus.
A atual formação da banda conta com Marcelo Oliveira ( voz, guitarra base e violão ), Orley Araújo ( guitarra solo ), Oziel Santos ( bateria ), Rock Lane Oliveira ( baixo ) e Idélcio Cardoso ( voz e guitarra base ).

Ouça o CD no site: www.myspace.com/grcrock

terça-feira, 24 de junho de 2008

ECONOMIA CRIATIVA E MEIO AMBIENTE - UM CASAMENTO PROMISSOR

Começando pelo lado vazio do copo brasileiro: investimentos precários em infra-estrutura, rede de comunicações ainda aquém da desejável, qualidade da educação formal degringolante, falta de práticas públicas de longo prazo. Agora, o lado cheio: pujança criativa, diversidade cultural estonteante e uma biodiversidade tão vasta, que nem mesmo nós a conhecemos por completo. Além, convenhamos, daquela mania irresistível de mudar algo aqui e algo ali, para ver no que dá... A tal da criatividade que é tão associada ao perfil do brasileiro.
A pergunta que não quer calar: como subir o lado cheio, tendo em vista o peso acachapante do lado vazio? Com vocês, a economia criativa à brasileira, ancorada em um entrelaçamento indissociável de cultura e meio ambiente como base de negócios. A tal ponto que há quem fale de diversidade biocultural, como o fruto de um processo histórico de conhecimento e produção. O que isso tem a ver com oportunidades de negócios? Tudo.
Embora não haja uma definição única de economia criativa, ela compreende setores e processos que têm como insumo a criatividade – ou seja, o que é diferente, singular, único - e trabalham com modelos de negócio inovadores, para produzir bens e serviços com valor ao mesmo tempo simbólico e econômico. Em última instância, a criatividade, o intangível do conhecimento incorporado a produtos e serviços, inclusive os que unem cultura e meio ambiente.
Esse leque de produtos e serviços tem, em um extremo da escala, os saberes e fazeres de nossas comunidades tradicionais – ribeirinhas, indígenas, quilombolas, que nos apresentam um outro modo de ver o mundo, de forma muito mais complexa e enredada do que nossos olhos urbano-ocidentais conseguem. São outros códigos, outras formas de resolver problemas – inclusive problemas que nos parecem insolúveis, neste momento de questionamento de paradigmas econômicos e sociais. Para essas comunidades, uma palmeira tem não só valor como parte de um todo ambiental, mas também cultural. É dela que se fazem cestos, pratos típicos, histórias inspiradoras. Ora, se o cesto não tem valor econômico e é mais acessível comprar o pote de plástico da novela das oito, a palmeira passa a ser só uma palmeira. Se para abrir caminho ao pasto a palmeira for cortada, o que sobra é a necessidade de comprar o pote de plástico. Duas diversidades que entram em extinção, já que cultura e meio ambiente são absolutamente indivisíveis.
Por outro lado, temos uma população urbana ávida por experiências, conhecimentos e produtos artesanais, sem acesso a eles por simples falta de distribuição. Por falta de acesso. Por falta de visão de empresas que percebam nisso um filão de negócios varejistas e de bancos que invistam no crédito a cooperativas e negócios culturais de forma efetiva. Na contramão dessa história, empresas como Tok&Stok e Pão de Açúcar vendem produtos étnicos e regionais e restaurantes como Brasil a Gosto desvendam a nossos sentidos a riqueza indissociável entre cultura e meio ambiente,
No outro extremo da escala, temos uma miríade de empresas de vários tamanhos, de gestão familiar a conglomerados farmacêuticos, de cosméticos, instrumentos musicais, design e jóias, que vêm buscando na riqueza de nossos recursos ambientais a inspiração para transformar seus produtos em experiências de uso, que trazem em si uma história, um contexto, uma ampliação de horizontes. Surgem assim os cosméticos da linha Ekos, da Natura; as biojóias de tantos designers e redes de joalherias brasileiras; e empresas exportadoras de instrumentos musicais feitos com nossas matérias-primas e dos quais saem sons que levam nossa música e a imagem do Brasil a outros continentes.
Outra vertente promissora nessa questão é a do turismo cultural legítimo, aquele que amplia a visão de mundo dos visitantes que, por sua vez, comportam-se como hóspedes admirados. Hoje, uma das grandes tendências dos viajantes, a bordo da chamada onda da economia da experiência, não é assistir a festas tradicionais ou simplesmente degustar um prato típico em um restaurante local. Eles querem ir para a cozinha, aprender a cantar a toada, decorar as ruas com bandeirolas e vestir a fantasia. Querem entender o contexto da criação e ser parte dele, compreender sua história e com isso transformar a sua própria história.
Os recursos que o turismo cultural gera são de um potencial avassalador. Basta imaginar que a World Travel Organization projeta para 2020 um fluxo de 1,6 bilhão de turistas, dos quais somente 17,6% para as Américas... E, desse total, apenas 4% para o Brasil, o que não passa de 0,7% da pizza mundial... Se considerarmos que 56% dos turistas optam por destinos que tenham apelo cultural, a conta para que demos mais reconhecimento econômico à soma das nossas diversidades cultural e ambiental é simples.
O que falta, para catalisar essa tendência, é reconhecer de vez o potencial de negócios que vem do encontro da biodiversidade com a diversidade cultural. Isso envolve analisar os gargalos na cadeia de produção, na capacitação de profissionais que atendam às diversas fases de criação, produção e distribuição, desenvolver um modelo de análise do intangível cultural que constitutade fato um business case e começar a tratar cultura e meio ambiente não como despesas e problemas, mas como investimento, recursos socioeconômicos e filões negócios singulares, sustentáveis e ainda inacreditavelmente inexplorados.
ANA CARLA FONSECA REIS
Administradora Pública pela FGV, Economista, Mestre em Administração de Empresas e Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela USP, Ana Carla é fundadora da empresa “Garimpo de Soluções – economia, cultura e desenvolvimento”, consultora em economia criativa para a ONU, curadora da conferência britânica “Creative Clusters”, do “Creative Cities Summit” de Detroit e de diversos seminários nacionais e internacionais. Conferencista internacional em cinco línguas, é autora de “Marketing Cultural e Financiamento da Cultura” e “Economia da Cultura e Desenvolvimento Sustentável " (Prêmio Jabuti 2007 em Economia, Administração e Negócios). e É professora de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas (SP), Universidade Candido Mendes (RJ) e Faculdade São Luís (SP).

quinta-feira, 19 de junho de 2008

FESTA NO TERREIRO DO NCPAM


Terreiro é uma categoria espacial consagrado pelo “povo do santo” para celebração de encontros em si e para si, religando homens e Orixás. Esse campo sagrado redime os homens dos males e potencializa também a participar da vida social como protagonista da história.Da mesma forma, no território tribal das comunidades indígenas, o terreiro é determinado por manifestações espirituais de modo ritualístico, motivando as comunidades a enfrentar os embates e a formular novas estratégias de sustentabilidade numa perspectiva de desenvolvimento humano.Nesse campo antropológico mediado por formulação de políticas públicas, pautadas na crítica social, é que se instituiu há 2 anos o NCPAM, motivado pelas discussões decorrentes do curso de Ciências Sociais e demais áreas do conhecimento promovidas pelos alunos e professores, buscando operacionalizar projetos que correspondessem tanto a formação acadêmica quanto às demandas sociais recorrentes da nossa Amazônia.O NCPAM nasce grande, movido por um projeto de futuro capaz de desenvolver formas de intelecção, novas habilidades e competências, formando pesquisadores para interpretar e compreender as determinações constitutivas que qualificam as políticas no território amazônico.No curso das ações desenvolveu-se variados projetos e celebramos parcerias com instituições multilaterais, agregando empreendimentos sob a matriz da Cultura Política de forma transversal, dialogando com os demais campos do saber acadêmico e popular.Essa convivência caracterizada pelos debates e críticas, potencializou os atores a definirem os meios necessários para enfrentar e superar obstáculos de percurso, confiando em si mesmo e nos parceiros que creditaram no NCPAM, confiança e responsabilidade na gerência dos recursos, seja do poder público ou privado.
O desafio é grande e compartilhado com todos que, direta ou indiretamente contribuem com os nossos projetos de pesquisa e extensão, principalmente, os credenciados pela Universidade Federal do Amazonas por delegar representação junto ao fórum das Instituições de Ensino Superior através de avaliação de projetos específicos aprovado nessas instâncias.Mas, o nosso maior desafio é fomentar no meio acadêmico uma cultura empreendedora, rompendo com as práticas patrimonialistas e investindo, cada vez mais, na capacitação dos atores acadêmicos capazes de formular, negociar e executar projetos intra e extramuros, concorrendo no mercado dos projetos pela qualidade e competência de suas propostas.Certamente, a legitimidade dos projetos está nas demandas das comunidades e, sobretudo, no aceite das representações de suas organizações populares, que interagem com o NCPAM para garantia de direito e pelo reconhecimento de sua cidadania participativa.Por tudo, temos consciência de nossa missão. Contudo, nessa data festiva queremos comungar os momentos de tristeza e alegria, celebrando no nosso terreiro o sucesso dos nossos empreendimentos, religando força para garantir a consecução dos novos projetos ancorados na unidade organizacional que estamos construindo e sustentada na cultura da participação e da responsabilidade social.
Texto: NCPAM

O Club da Cultura parabeniza os membros do Núcleo de Cultura e Política do Amazonas pelo aniversário de dois anos e deseja que o espaço possa tornar-se uma poderosa ferramenta na busca da transformação e melhoria de vida do ser social.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

DESLIGUE A TV, LIGUE-SE NA VIDA


Por: Alfredo P. dos Santos



Duas experiências mudaram radicalmente a minha visão no que se refere ao uso de televisão, computadores e videogames, principalmente por parte de crianças. Uma delas foi a leitura do livro "A criança e a TV", da médica e psicanalista argentina Raquel Soifer. A outra foi a leitura dos textos do professor Valdemar Setzer, que estão disponíveis na internet para quem quiser consultar.
Não é de hoje que se suspeita que haja alguma coisa errada com a TV. O cronista Sérgio Porto, nos anos 60, referia-se a ela como "a maquina de fazer doido" e o sociólogo Betinho a classificou como "a mais fantástica maquina de imbecialização jamais criada". Outro sociólogo, este norte-americano, Waldo Frank, disse que "a TV esta formando gerações de débeis".
A médica Raquel Soifer, contudo, vai mais longe, ao afirmar que a TV cria problemas de dislalia, dislexia e disgrafia nas crianças. E mais: a TV narcotiza essas crianças, predispondo-as ao consumo posterior de drogas. Há no livro o depoimento de pesquisadores de MIT que afirmam categoricamente que "as pessoas que, a partir dos anos 60, cresceram diante da TV, não tem a inteligência das mais antigas. " Eu imagino que isto seja verdade, quando comparo as crianças de hoje com as do meu tempo de garoto. Ressalto que falo com a visão de quem passou a infância e a adolescência em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, na década de 50. Naturalmente que os meninos de hoje sabem muito mais em matéria de sacanagem do que os da minha geração. Em compensação, perdem de dez a zero em matéria de raciocínio lógico, inteligência e cultura. Eu só tenho uma explicação para isso: o longo tempo que elas permanecem em frente a TV e vídeo games. Naturalmente que algumas crianças escapam a esta triste sina quando os pais são mais esclarecidos, como o Bill Gates, que afirmou: "os meus filhos terão computadores, mas antes terão livros" e limitava o tempo deles diante da TV a 45 minutos diários. Outras crianças escapam porque as muitas atividades em que estão envolvidas (culturais, esportivas, etc.) não lhes deixa muito tempo para ver TV.
Locke dizia que "não há nada no domínio da razão que não tenha passadoantes pelos sentidos". De minha parte, tenho dito que física e matemática não se começa a aprender na escola, mas sim nas primeiras brincadeiras infantis.
A minha má vontade com a TV não se refere apenas ao seu uso por partede crianças. Acho lamentável que muitas pessoas idosas levem uma vida tão vazia e tão destituída de sentido que não conseguem se desgrudar da TV, desperdiçando seus últimos anos de vida diante dela. E o que é pior, acelerando o processo de sua própria decadência, como pesquisas recentes revelam. È como se essas pessoas estivessem renunciando a uma vida útil e ativa e ficassem aguardando o inevitável fim, como condenados no corredor da morte.
Pode ser que nem tudo esteja perdido. A luta pelo desenvolvimento exige competência e não se pode exigir tal coisa de uma geração de iletrados. Desse modo os governos, por mais incompetentes que sejam, vão perceber que alguma coisa precisa ser feita, que providências precisam ser tomadas para elevar o nível cultural do povo, incluindo-se ai as competências lógico-matemáticas.
Antes de tudo há que se conscientizar os pais. O problema que eles também são viciados em TV, de modo que a luta será árdua.
Eu não chego a ser como o professor Valdemar Setzer, que evitou ter TV em casa durante muitos anos, nem tenho filho pequeno que justifique a retirada do aparelho, como fez um amigo meu, para evitar que o filho, de quatro anos, seja prejudicado pela TV. Tenho um único aparelho que uso para ver DVDs e, eventualmente, ver um ou outro programa de TV a cabo. As vezes vale a pena, mas nunca fico muito tempo, pois acho que existem coisas mais agradáveis de se fazer do que ficar parado vendo TV. Gosto muito mais de escrever, por exemplo, como estou fazendo agora.Há poucos dias vi, no GNT, um programa que trata de uma experiência levada a cabo por uma escola inglesa, e que consistiu na retirada de aparelhos de TV, computadores e videogames, por duas semanas, dos lares cujos pais concordaram em participar da experiência.
A escola esperava que o teste tivesse algum impacto no desempenho escolar dos alunos, o que de fato houve, mas o impacto maior foi na própria vida do lar e na relação entre as crianças e entre elas e seus pais.
A primeira e importante conclusão foi: TV NÃO FAZ FALTA. As crianças começaram a usar a imaginação nas suas brincadeiras e a jogar xadrez e outros jogos e a brincar mais.
Uma coisa que ficou manifesta é que os pais, quando diziam que nãosabiam como as crianças iriam se sentir, na verdade estavam preocupados com o que eles, pais, iriam sentir. Tratava-se, pois, de mera projeção. Ficou claro que muitos pais usam a TV para controlar os filhos (baba eletrônica) e sem ela eles precisariam mostrar que estavam a altura do desafio de serem pais.
A retirada da TV e de outros aparelhos proporcionou uma maior interação entre os membros da família. As crianças se acalmaram porque passaram a receber mais atenção e o ambiente melhorou consideravelmente.
Ao término da experiência em alguns casos o consumo da TV reduziu-seem 50 por cento. Alguns pais resolveram tirar a TV dos quartos dos filhos, bem como dos seus próprios quartos, conservando uma única TV na sala para que todos pudessem vê-la conjuntamente.
Em suma, quando nos Estados Unidos alguns grupos começaram a fazercampanha cujo slogan era DESLIGUE A TV. LIGUE-SE NA VIDA, eles sabiam o que estavam dizendo.
O Brasil é um pais onde as pessoas ficam muito tempo diante da TV. Não por coincidência os nossos estudantes se saem muito mal em matemática, ciências e idiomas quando comparados a estudantes de outros paises.
Salta, pois, aos olhos que temos sido bastante estúpidos em relação a esta questão, mas não há nenhuma razão para que continuemos a sê-lo, indefinidamente.


Rio de Janeiro, 29 de março de 2008



A TV é um entorpecimento físico e mental constante (Valdemar Setzer).

terça-feira, 17 de junho de 2008

COARI E O CAPITALISMO

Com o cuidado de não pré-julgar ninguém, é importante ver como se tecem algumas das teias da riqueza localmente.
O que está acontecendo em Coari mostra os laços entre poder político e poder econômico numa circunstância de abundância - e não carência - de riqueza. Também mostra que o problema não pode ser visto pensando apenas em termos da "corrupção dos agentes públicos" ou da "ganância dos agentes privados". É no modo como ambos se relacionam que está o problema. Essa relação promíscua não tem repercussão apenas sobre a distribuição do poder econômico, isto é, sobre como determinados agentes se apropriam da riqueza produzida socialmente. Ela também repercute sobre a distribuição do poder político, sobre os grupos sociais que controlam posições decisórias importantes no Estado, na Assembléia, nas Prefeituras e câmaras municipais.
Em outras palavras, muitos dos recursos públicos privadamente apropriados servem tanto para enriquecer uns, quanto para financiar a chegada de outros a posições políticas que permitem manter o "círculo vicioso da safadeza" e, com ele, o "círculo vicioso da riqueza" de uns e da "pobreza" de outros. O mesmíssimo processo, ainda que com conotações diferentes, se verifica em vários outros lugares, basta lembrar de vários casos recentes - privatizações, operação Albatroz, mensalão, TRF/SP, operação Rodin/RS etc., etc., etc.
Essa é uma das facetas do que alguns chamam de "capitalismo gângster" ou "capitalismo bandido", algo que poderia ser chamado, simplesmente, de "capitalismo".
Não esqueçamos das fraudes da Enron e de outras empresas norte-americanas que foram tratadas como "bad apples" pelo governo norte-americano. Não esqueçamos, tampouco, do surgimento das máfias na Rússia e de seu agenciamento por consultores do governo norte-americano e de "agências multilaterais" - como FMI e Banco Mundial.A lógica "gângster" e "bandida" não parece ser, portanto, uma qualidade de determinados indivíduos e sim algo incrustado na dinâmica da economia política do capitalismo global.

Marcelo Seráfico - Cientista Social -
mserafico@hotmail.com

LEIS DE INCENTIVO PREJUDICAM A PRODUÇÃO CULTURAL

Tenho ouvido o lamento de muitos artistas diante das dificuldades (segundo os mesmos) de executarem seus projetos, e, quase todos se referem à falta de incentivos oficiais, a burocracia das Leis de incentivo e de como procedem as tais comissões normativas. Quem me conhece sabe, que sempre fui contra estas leis e fundos que financiam projetos artísticos e culturais, para mim essa fase já passou, produziu alguma coisa boa isso é verdade, mas, a maioria dos projetos são verdadeiros refugos.
Criou-se um vício, hoje pouca gente tem coragem de sair por aí, como se fazia antigamente, em busca de apoio para realização de projetos e olhe que se faziam bons projetos!
Já não temos mais tantas opções de peças teatrais, de bons shows musicais, de boas exposições, etc e tal por que muitos artistas encontram-se sentados à porta da oficialidade com seus pires nas mãos. Como se não bastasse, a oficialidade fortalece ainda mais o setor da mendicância criando uma tal ‘teia’, ampliando assim a vagabundagem em nome do resgate cultural, ora, tenha a santa paciência!
A profissão de artista é como qualquer outra, mas só o artista não quer assumir isso, não busca uma forma de organização, está sempre pregando a liberdade e os anos vão passando, passando e o cara não sai do lugar e tome pau a reclamar... não quero que pensem que estou salvando a pele dos poderes estabelecidos, não! Estão cheios de culpa também por não saber lidar com arte e cultura e insistirem em manter nos cargos estratégicos, pessoas ignorantes que ainda pensam em festivais de música, gincanas e outras baboseiras que só os seres atrasados sabem fazer. E fica assim; de um lado os políticos não sabem propor nada, do outro lado os artistas também ficam de braços cruzados só reclamando e reclamando, em muitos dos casos, sem noção do seu próprio problema, o negócio é reclamar! Não percebem que, enquanto ficam choramingando deixam de trabalhar e se deixam de trabalhar, deixam de produzir, então, se não produzem não estão fazendo nada e se não fazem nada estão iguaiszinhos aos caras que ocupam secretarias e fundações de cultura; com um detalhe: eles ao menos sabem ganhar dinheiro e o fazem à suas custas, em nome do incentivo à cultura. Está na hora de exigir o fim dessas leis e propor algo novo. Que tal uma forma de financiamento da produção específica para o setor, com juros baixos, desburocratizados, com as mesmas facilidades que se tem para comprar um carro e que permita ao artista não dar calote mas que possa se utilizar desse banco para viver do seu produto? Então chega de ficar chorando, amigo, isso ta virando mania, assim, quem ganha são os milhares de espertinhos que fundam organizações não governamentais que são mantidas pelos governos e, conseqüentemente, por você, que fica esperando tudo na boquinha... Enquanto isso, perde a população que já não tem mais aquelas boas produções locais de antigamente.


Nilson Sótero(nilsonsotero2@hotmail.com) - AgenteCultural de João Pessoa

AVENTURAS DO ZEZÉ NA AMAZÔNIA


Vamos falar de um caboclo que nasceu em Roseiral, às margens do Paraná de Serpa, município de Itacoatiara. Élson Farias, viveu a infância à beira do rio e conheceu desde cedo as estórias contadas pelo tio Luiz, que o introduziu aos mistérios da floresta e dos ribeirinhos da Amazônia.
Depois, veio pra Manaus e integrou o “Clube da Madrugada”, um movimento de renovação das letras.
Em seguida, veio a Academia Amazonense de Letras, da qual é o atual presidente, ocupando a cadeira de número 12.

O poeta é um dos mais prestigiados da região e tem um trabalho de difusão das letras pelos quatro cantos da cidade de Manaus. O que mais encanta na poesia de Élson Farias é o amor que manifesta por sua terra, pela natureza, com um estilo regional sem ser regionalista.
Com tanta coisa pra contar, ele se inspirou em um personagem da vida real chamado José Eugênio, o Zezé, seu filho, com D. Roseli, para criar “As aventuras de Zezé”, um menininho que observava o pai sentado na beira do rio Amazonas contando as estórias da floresta.

O Zezé do livro, nasceu quando o de verdade já estava com 5 anos e já virou uma coletânea com 10 livros para crianças da 1 à 4 séries.
Mas, tanto a poesia infanto-juvenil quanto as obras para o público adulto, têm a magia e encantamento telúrico.

O GRILO - 1980 - (ÉLSON FARIAS)


O pequeno grilo,

incrivelmente,

carrega na crista dos ruídos de suas asas

um violino agressivo,

fino serrote numa cantiga velha como a serra.
Os mínimos gritos da noite

se registram na conta dos grilos,

infimamente,as corujas se resumem,

os sapos, todos nos ais do grilo,

humildemente, só.
Quando a noite se deita,

silenciosamente, só se ouve a solidão

acalantando o sono das plantas

nas folhas recurvadas, onde o grilo afina

o áspero violino.